No Dia da Consciência Negra, morte de homem negro em supermercado repercute nas redes sociais

O assunto está entre os mais comentados do twitter nesta sexta-feira
JC Online e Estadão Conteúdo
Publicado em 20/11/2020 às 14:12
Vídeos mostraram o início da confusão antes do assassinato brutal de João Alberto Foto: Reprodução/Twitter


A morte de homem negro após uma série de agressões em um supermercado da rede Carrefour, em Porto Alegre, está gerando uma grande repercussão nas redes sociais nesta sexta-feira (20), Dia da Consciência Negra. No twitter, o assunto é o mais comentado na tarde de hoje. Além do destaque para o supermercado Carrefour, usuários da rede social também subiram diversas hashtags, como #VidasNegrasImportam e #justicaporbeto. Também estão em destaque as palavras racismo, assassinado e negros, além das frases "parem de nos matar" e "até quando". 

» 'A gente gritava estão matando o cara, mas continuaram até ele parar de respirar', diz testemunha de morte de homem negro em Porto Alegre

No twitter, o jogador Richarlison Andrade afirmou que "a violência e o ódio perderam de vez o pudor e a vergonha", ao comentar o caso. 
 O sociólogo Serge Katz usou sua conta na rede social para debater a violência do caso.
O cartunista Carlos Latuff fez uma charge sobre o assassinato de João Alberto Silveira Freitas.

Apesar da grande repercussão entre os brasileiros, alguns líderes políticos escolheram não comentar o caso. No twitter, o presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, que se descreve como "Negro de direita, antivitimista, inimigo do politicamente correto, livre" na rede social, não falou sobre a morte de João Alberto. Sérgio usou a rede social durante a manhã de hoje para criticar o Dia da Consciência Negra. 

A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, realizou uma série de postagens sobre o assunto. No twitter, Damares afirmou que "As imagens são chocantes e nos causaram indignação e revolta".


Boicote

Nas redes sociais, cidadãos passaram a defender boicote à rede varejista e organizar protestos em frente a unidades da companhia. Os usuários do Twitter rechaçaram a nota oficial do Carrefour Brasil com explicações sobre as medidas tomadas após o ocorrido. Até o começo da tarde, havia cerca de 3,5 mil comentários com xingamentos e acusações pelo novo episódio de violência nas imediações da companhia.

As manifestações de revolta partiram de perfis variados nas redes sociais. O ator e comediante Leandro Ramos (do grupo Choque de Cultura) sugeriu um boicote ao Carrefour, numa postagem com 10 mil curtidas na rede social. "Então, como é que a gente vai fazer pra organizar um boicote sério ao Carrefour?", escreveu Ramos.

O fundador da MRV, maior construtora residencial do País, Rubens Menin, também condenou o ocorrido, porém sem citar nomes. "Deprimente caso da morte de homem negro por seguranças no supermercado do RS, exatamente no dia da consciência negra. Até quando???", postou o empresário.

O perfil Favelado Investidor, do jovem Murilo Duarte, que também é bastante conhecido na comunidade do fintwit, fez postagem com xingamento à rede varejista e teve mais de 2 mil curtidas.

No fim da manhã, representantes de movimentos sociais e vereadores negros eleitos para a Câmara Municipal de Porto Alegre se reuniram para uma manifestação em frente à unidade do Carrefour onde o caso de violência aconteceu. Mais protestos estavam sendo convocados nas redes para o mesmo local.

A candidata do PCdoB que está no segundo turno da corrida eleitoral na capital gaúcha, Manuela D'Ávila, se manifestou dizendo que não é possível se calar diante do racismo e apoiou o protesto que cobrava responsabilização do Carrefour e prestava solidariedade à família da vítima.

Entenda o caso

João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, foi morto após uma série de agressões em um supermercado da rede Carrefour em Porto Alegre. Ele teria discutido com a caixa do mercado antes de ser conduzido por um dos seguranças do estabelecimento até o estacionamento do local, onde começaram as agressões. Uma outra funcionária do mercado, junto com um cliente, policial militar temporário, acompanharam o deslocamento. Segundo a funcionária do supermercado, João Alberto teria desferido um soco contra o PM durante o percurso, e por isso, tanto o policial militar temporário, quanto o segurança, começaram a agredi-lo. 



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