Velório de João Alberto, morto em supermercado no Rio Grande do Sul, é marcado por pedidos de justiça

A Polícia Civil do Estado investiga o crime. Um dos agressores era segurança do local e o outro, um policial militar temporário. Os dois homens foram presos em flagrante
Estadão Conteúdo
Publicado em 21/11/2020 às 16:41
Morte de João Alberto gerou série de protestos no país Foto: SILVIO AVILA / AFP


Familiares e amigos acompanharam na manhã deste sábado, 21, o velório de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, homem negro que foi espancado e morto por segurança e policial em uma unidade do supermercado Carrefour no bairro Passo D'Areia, na zona norte de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, na noite de quinta-feira, 19, véspera do Dia da Consciência Negra. A cerimônia de despedida foi no cemitério municipal São João, no bairro Higienópolis, também na zona norte da capital.

Segundo a administração do cemitério, o velório começou às 8h30, já o enterro estava marcado para 11h30. A cerimônia foi marcada por perdidos de justiça.

A Polícia Civil do Estado investiga o crime. Um dos agressores era segurança do local e o outro, um policial militar temporário. Os dois homens foram presos em flagrante.

Após colher os primeiros depoimentos, a delegada responsável pelo caso, Roberta Bertoldo, da 2ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, recebeu, na tarde de sexta-feira, 20, os médicos legistas para elucidar as causas da morte de João Alberto. Durante as agressões, a vítima também foi imobilizada pelos vigias, com o joelho de um deles nas costas.

"O maior indicativo da necropsia é de que ele foi morto por asfixia, pois ele ficou no chão enquanto os dois seguranças pressionavam e comprimiam o corpo de João Alberto dificultando a respiração dele. Ele não conseguia mais fazer o movimento para respirar", informou.

Ao 'Estadão', João Batista Rodrigues Freitas, de 65 anos, lamentou a morte de seu filho na sexta-feira. "Nós esperamos por Justiça. As únicas coisas que podemos esperar é por Deus e pela Justiça. Não há mais o que fazer. Meu filho não vai mais voltar", disse.

À reportagem, o pai descreveu a vítima como um homem tranquilo. "Eles (Freitas e a esposa) frequentavam o mercado quase todos os dias. Ele até me incentivou a fazer um cartão do mercado."

O assassinato de João Alberto gerou protestos em diversos locais do Brasil na sexta-feira. Manifestantes entraram em unidades do supermercado.

Na capital do Rio Grande do Sul, a manifestação começou no início da tarde, em frente à unidade onde aconteceu o crime. Com cartazes, bandeiras e faixas destacando que "vidas negras importam", milhares de manifestantes exigiram Justiça pelo assassinato. A realização do protesto ganhou adeptos nas redes sociais e eclodiu em frente ao hipermercado. Cruzes e flores em homenagem a João Alberto também foram colocadas no local.

Em São Paulo, manifestantes se concentraram no vão do Masp por volta das 16h. Cerca de duas horas depois, um grupo de mais de 600 pessoas iniciou uma caminhada em direção ao Carrefour da Pamplona. Todo o trajeto foi acompanhado pela polícia, que não interferiu em nenhum momento. Ao chegar no local, a manifestação concentrou-se na rua, mas não demorou para que avançasse ao estacionamento que fica em frente ao supermercado.

Uma pequena parte dos manifestantes pegou pedras dos vasos do estacionamento e arremessou contra os vidros do supermercado. O grupo de seguranças do Carrefour não resistiu à invasão - a própria Polícia Militar não interveio.

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