Sérgio Camargo diz que homem morto em supermercado "não representa pretos honrados"

O presidente da Fundação Palmares ainda chamou João Alberto Silveira Freitas de "marginal"
JC
Publicado em 26/11/2020 às 10:41
Camargo publicou que congolês "foi um vagabundo morto por vagabundos mais fortes" Foto: FUNDAÇÃO PALMARES


O presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, afirmou, em sua conta no Twitter, nesta quarta-feira (25) que o homem negro assassinado por seguranças de uma unidade do Carrefour em Porto Alegre (RS), na última quinta-feira (19), João Alberto Silveira Freitas, “não representa os pretos honrados”, e o chamou de "marginal".

O chefe da Fundação Palmares, que tem como função preservar manifestações afro-brasileiras, citou a morte de João Alberto ao comentar uma reportagem sobre uma suposta censura ao filme ‘Marighella’, em que o líder revolucionário que morreu lutando contra a ditadura militar no Brasil é interpretado por Seu Jorge. Na postagem, Camargo chama Marighella de “terrorista comunista”.

“Marginais não representam os pretos honrados do Brasil, seja Marighella, Madame Satã ou o negro do Carrefour. Cada um gasta seu dinheiro como quiser. O meu nunca terão!”, disparou.

Tal "negro do Carrefour" é João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, orto após uma série de agressões em um supermercado da rede Carrefour em Porto Alegre na última semana. Ele teria discutido com a caixa do mercado antes de ser conduzido por um dos seguranças do estabelecimento até o estacionamento do local, onde começaram as agressões. Uma outra funcionária do mercado, junto com um cliente, policial militar temporário, acompanharam o deslocamento. Segundo a funcionária do supermercado, João Alberto teria desferido um soco contra o PM durante o percurso, e por isso, tanto o policial militar temporário, quanto o segurança, começaram a agredi-lo.

Declarações de Sérgio Camargo

Não é a primeira vez que Sérgio Camargo faz declarações polêmicas sobre povos negros. Desde a posse na Fundação Palmares, ele minimiza e nega situações que envolvem racismo. Ele chegou a ser afastado do cargo em dezembro de 2019, por ordem do juiz federal substituto Emanuel José Matias Guerra. De acordo com o magistrado, a nomeação "contraria frontalmente os motivos determinantes para a criação" da Fundação Palmares e põe a instituição "em sério risco", visto que a gestão pode entrar em "rota de colisão com os princípios constitucional da equidade, da valorização do negro e da proteção da cultura afro-brasileira".

Em outro episódio, em junho de 2020, a ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Regina Helena Costa negou pedido liminar feito pela Rede Sustentabilidade para afastar o presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, do cargo. No pedido houve a alegação de que Camargo não poderia permanecer na presidência do órgão por “ostentar publicamente opinião contrária às finalidades da instituição".

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