O último mês de 2020 reserva alguns eventos celestiais para os astrônomos e observadores, como o eclipse total, que vai acontecer na próxima segunda-feira (14), às 11h33 (horário de Brasília). O evento terá fim às 14h53.
Esse eclipse acontece quando a Lua se põe exatamente entre o Sol e a Terra, formando uma espécie de "cone de sombra que incide em algum local do planeta", segundo explicou Roberto Costa, professor do departamento de astronomia da Universidade de São Paulo (USP), em entrevista à emissora CNN Brasil.
Ele destaca ainda que, "quanto mais ao Sul, melhor" para ver o evento celestial no Brasil. Contudo, ele não poderá ser visto de todas as regiões do País. No Norte e Nordeste não será possível contemplar.
No Rio Grande do Sul, o eclipse terá 60% do disco solar coberto pela Lua; em São Paulo pouco menos de 50%, e no Rio de Janeiro cerca de 40%. O eclipse solar só vai acontecer em uma pequena faixa que corta o Sul do Chile e o Sul da Argentina.
O professor lembra ainda que as pessoas não devem observar o Sol com binóculos, telescópio ou qualquer outro instrumento de aumento que não seja equipado com filtros. “Não observar essa regra pode resultar em lesões permanentes na retina.”
Hoje, acontecem entre dois e sete eclipses solares e/ou lunares na Terra. Em dezembro passado, um outro eclipse parcial também foi visto no Brasil.
Segundo Roberto, os eclipses acontecem em "famílias" chamadas de "Saros", e várias dessas "famílias" acontecem simultaneamente. Para o fenômeno se reproduzir no mesmo lugar da Terra leva cerca de 54 anos.
Segundo a CNN Brasil, o evento celestial é bem popular para a Nasa, que disponibiliza um catálogo de eclipses desde 3.999 A.C. até o ano 6.000, ou seja, um intervalo de 10 milênios.
Este mês ainda terá mais noites banhadas por fenômenos astronômicos. A chuva de meteoros Geminídeos, por exemplo, vai ter seu ápice na madrugada entre o domingo (13) e a segunda (14), em direção à constelação de Gêmeos, a partir das 22h, e estará no alto do céu às 2h.
Esta chuva já está acontecendo desde o dia 4, e deve se repetir toda noite até as madrugadas do dia 17 para o dia 18.
O ideal para visualizar uma chuva de meteoros é estar em um local escuro e sem iluminação artificial. Assim, o observador consegue ver até 150 meteoros por hora, sendo um a cada 24 segundos.
As Geminídeas acontecem quando a Terra, em sua trajetória em torno do Sol, atravessa uma região onde já passou um cometa.
“Eles deixam detritos para trás e, quando a Terra passa essa nuvem de detritos, eles entram na atmosfera como estrelas cadentes, aquele traço fugaz de luz no céu noturno”, disse o professor de astronomia. “Nesse caso, aparentam vir da direção da constelação de Gêmeos, por isso Geminídeos.”
O evento acontece quando dois corpos celestes parecem estar juntos quando visto do céu. Este fenômeno acontecerá no dia 21 de dezembro.
A impressão é fruto apenas do ângulo da visualização, pois em prática há quilômetros de distância entre eles. Como Júpiter e Saturno, os dois maiores planetas, estarão aparentemente próximos, o evento ganha o nome de "grande conjunção", e acontece uma vez a cada 400 anos, aproximadamente.
A última vez que o fenômeno aconteceu foi em 1623, quando “os dois planetas estavam muito próximos do Sol e, portanto, visíveis apenas durante o dia”. “Provavelmente ninguém notou”, continuou o professor.
Caso você perca a oportunidade de assistir ao evento celestial, basta olhar na direção do pôr-do-sol, no dia 21 de dezembro, quando a distância entre os planetas será mínima.
Embora o eclipse dure algumas horas, o momento em que o Sol vai ficar totalmente coberto pela Lua vai ser de dois minutos, aproximadamente. Dará pouco tempo para os observadores registrarem o fenômeno.
Infelizmente, por conta da pandemia do novo coronavírus, a locomoção de muitos observadores e astrofotográficos acostumados a viajar para ver os eclipses será impossibilitada.
O cartógrafo de eclipses Michael Zeiler é um desses observadores. Ele disse ao Canaltech que esta será sua primeira perda de um eclipse solar total em mais de uma década, “e esta decepção é aumentada ao saber que o cometa Erasmus deve ser visível durante o eclipse total”. Para ele, será uma rara “oportunidade fotogênica”, já que a última vez que um cometa apareceu durante um eclipse solar total foi em 1948.
Por outro lado, existe a possibilidade de o cometa não aparecer tão visível quando os mais otimistas imaginam. Embora se trate de um eclipse total, a coroa solar ainda será capaz de emitir um brilho ao redor da sombra lunar. Além disso, o cometa Erasmus estará apenas a 11ª coroa, perto o suficiente para ser ofuscado pela luz coronal.
Contudo, as chances de ver o cometa são nulas, porque ele brilhará com magnitude 4 ou 5, o que fica dentro do limite de visibilidade a olho nu, embora seja menos brilhante que a estrela Polaris, por exemplo. É possível que os astrofotográficos profissionais consigam boas imagens, porém pode ser que o cometa fique invisível a entusiastas não tão bem munidos de equipamentos.