Com agências
Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), pediram nessa segunda-feira (12) ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, a antecipação de entrega de vacinas contra a covid-19 do consórcio internacional Covax Facility. A distribuição das doses entre os países membros do consórcio é coordenada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), um dos braços da ONU.
No final de março, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou que só seria capaz de distribuir em abril metade das doses anteriormente anunciadas pelo governo federal devido a atrasos na produção nacional e na importação de imunizantes. Ao invés de 47,3 milhões de doses, a União deve conseguir apenas 25,5 milhões ao longo deste mês. Segundo divulgaram após a conversa, Pacheco e Lira pediram que o Brasil tenha prioridade na entrega dos imunizantes.
Governadores vão se reunir na sexta-feira (16) com a secretária-geral adjunta da ONU, Amina Mohammed, para pedir que a entidade coordene uma ajuda humanitária para o País. Em nota, o governador do Piauí e coordenador do tema da vacina no Fórum Nacional de Governadores, Wellington Dias (PT), disse que o pleito é por mais vacinas para "conter uma tragédia ainda maior e com graves riscos para o mundo" com a geração de novas variantes dovírus. Os governadores também vão pedir ajuda para aquisição de oxigênio e medicamentos do "kit intubação".
Ontem, o Brasil registrou um novo recorde da média móvel de mortos: o índice ficou em 3.124, superando o de 1o de abril (3.119), até então o mais alto da pandemia. É o terceiro dia consecutivo em que o índice fica acima de 3 mil. O número da média móvel é 15% maior que o notificado duas semanas atrás. Foram contabilizadas 1.726 mortes em 24h, elevando para 355.019 o total de vidas perdidas para o novo coronavírus no Brasil.
Em meio a interrupção na produção da CoronaVac por falta de insumos, o presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Glademir Aroldi, afirmou que não existe estoque de vacinas nas cidades para a segunda dose. "As vacinas estão sendo administradas de acordo com as orientações do Ministério da Saúde, o qual orientou a reserva do imunizante para a aplicação da segunda dose", disse, em audiência pública no Senado.
Para Aroldi, faltam uma coordenação nacional da estratégia de combate à covid-19 e um mapeamento da propagação das novas variantes. "[Isso] combinado com uma baixa testagem da população, resulta num cenário em que estamos apenas enxugando gelo", afirmou.
O ministro Benjamin Zymler, do Tribunal de Contas da União (TCU), determinou que o Ministério da Saúde distribua imediatamente testes para diagnóstico da covid-19 que ainda estão encalhados. A existência de milhões de exames do tipo RT-PCR armazenados em um galpão de São Paulo, e prestes a terem os prazos de validade vencidos, foi revelada em novembro.
Na decisão, o ministro do TCU determinou que o ministério aplique "imediata destinação" aos testes por entender que os insumos podem ser perdidos. Ainda há cerca de 3 milhões de itens encalhados.
No despacho, o ministro apresenta os principais motivos para o encalhe. Entre eles está a falta de articulação do ministério com Estados e municípios, a compra de apenas parte dos insumos necessários à realização dos exames e dúvidas sobre a compatibilidade dos testes de detecção com os equipamentos das unidades de apoio da Fiocruz e laboratórios locais.
Para que os testes não sejam desperdiçados, o Brasil precisará usá-los em ritmo muito superior ao que vem usando até agora. "Para que não haja a perda do insumo, em abril e maio deste ano seria necessária a utilização de uma média de 14.500 kits, número superior, portanto, à média de 6.179 dos últimos doze meses", diz Zymler.
Cada kit possui insumos para cem testes que atestam a infecção pelo novo coronavírus. O não cumprimento da determinação pode acarretar em pagamento de multa pelo ministério. O Ministério da Saúde chegou a estocar 6,8 milhões de exames, materiais que custaram R$ 764,5 milhões.
Após a revelação do Estadão, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em dezembro, prorrogou a validade dos testes por mais quatro meses. Apesar de mais prazo e da pressão sobre o então ministro Eduardo Pazuello, ainda existem kits estocados. O RT-PCR é considerado "padrão ouro" na detecção da covid-19.