RIO DE JANEIRO

Seis imóveis são interditados após desabamento que matou pai e filha no Rio

Uma criança com cerca de dois anos e o pai dela morreram no acidente

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Do jornal Correio para a Rede Nordeste

Publicado em 03/06/2021 às 18:44
Desabamento que matou pai e filha no Rio de Janeiro - Reprodução/TV Globo

Seis imóveis tiveram que ser interditados depois de serem afetados pelo desabamento de um prédio residencial de quatro andares em Rio das Pedras, na zona oeste do Rio de Janeiro. Uma criança com cerca de dois anos e o pai dela morreram no acidente. A construção irregular desmoronou na madrugada desta quinta-feira (3), deixando outras quatro pessoas feridas. O corpo do homem foi o último a ser resgatado dos escombros pelos bombeiros, no início da tarde.

Todas as vítimas moravam no imóvel que desabou. Uma sétima pessoa da família não estava em casa no momento do desmoronamento.

Três dos feridos foram socorridos ainda de madrugada e levados para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. Uma mulher, de 29 anos, e um homem, de 38 anos, já tiveram alta médica. Uma mulher, de 28 anos, permanece sob cuidados médicos na unidade, com quadro de saúde estável, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. A última resgatada com vida, Kiara Abreu, de 27 anos, retirada dos escombros pela manhã, foi levada para o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, onde passou por avaliação e exames. O estado de saúde dela é grave.

A Secretaria Municipal de Assistência Social acolheu 20 pessoas de sete diferentes imóveis, que ficaram desalojadas. Um posto de atendimento foi montado, juntamente com a Defesa Civil e a Secretaria de Saúde, num salão de festas da comunidade, perto do local do acidente.

A Secretaria de Conservação informou que, desde janeiro deste ano, "já foram demolidas mais de 180 construções irregulares e emitidas mais de 150 notificações, que geram processos administrativos visando à demolição", em áreas que englobam a zona oeste do Rio.

"A gente tem que melhorar a questão da fiscalização", disse o governador Cláudio Castro (PL), sobre a situação irregular do prédio.

Além do governador do Rio, o prefeito Eduardo Paes também acompanhou o trabalho de equipes de resgate. A Defesa Civil ainda avalia prédios da vizinhança possivelmente afetados e riscos de novos desabamentos.

"Provavelmente vão ser condenados, vamos ter laudo mais técnico da Defesa Civil Municipal", disse o prefeito do Rio, Eduardo Paes.

No entorno da construção que desabou, moradores comentaram que a comunidade é repleta de prédios em situação parecida. Empregada doméstica, Maria Elizabete, de 41 anos, diz que se sente "um lixo" por viver nessa situação. Ela está em Rio das Pedras há 20 anos.

"Vamos para onde, se o que dá pra pagar é aqui?", questiona. "O prédio onde moro é todo rachado. Quando chove, tem água pingando toda hora."

Ao sair da área de isolamento dos Bombeiros, o prefeito Eduardo Paes (PSD) reconheceu a situação complexa da região, que há décadas vem passando por construções desse tipo. O foco agora, segundo ele, é fiscalizar os prédios já existentes e evitar que novos sejam erguidos.

"Comigo, milícia não vai mais construir porcaria nenhuma nessa cidade", disse.

O prefeito disse que vai combater a construção de novos edifícios irregulares e que a Prefeitura já tem atuado em demolições, mas que esse tipo de moradia "é uma realidade da cidade".

"Ninguém vai construir mais nada nessa cidade de maneira irregular. Só essa semana foram três operações", afirmou Paes a jornalistas.

A Polícia Civil instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias do desabamento. Os agentes farão a perícia nos escombros.

Moradores relatam ter ouvido "estalos" por volta das 2h e, mais tarde, "muito fogo". O desabamento ocorreu por volta das 3h. Os bombeiros do quartel de Jacarepaguá foram acionados às 3h22 para a ocorrência na esquina da Rua das Uvas com a Avenida Areinha.

Outros quatro quartéis - Alto da Boa Vista, Barra, Magé e São Cristóvão - deram apoio à operação de resgate. Em meio ao desabamento, um incêndio também precisou ser contido no local.

Também atuaram no local do desabamento equipes da Guarda Municipal, Polícia Militar, Light, CET-Rio, Naturgy, Comlurb, Secretaria de Ordem Pública e Secretaria de Infraestrutura.

A região de Rio das Pedras é conhecida como um lugar com forte atuação das milícias cariocas. Os prédios daquela área costumam ser construídos de maneira irregular, como foi o caso dos edifícios que desabaram e deixaram 24 mortos na Muzema, comunidade vizinha, em 2019.

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