Maior produtor de energia eólica do país, o Rio Grande do Norte assinou, nessa terça-feira (21), protocolo com a empresa EV Brasil Consultoria para estocar energia produzida pelo vento.
O documento prevê a instalação de um projeto de armazenamento de energia verde em larga escala - o primeiro do tipo no país e na América Latina. "Este é um momento histórico. O Rio Grande do Norte, que já é líder em produção de energia eólica, assume mais esta posição de vanguarda. Seguimos sendo pioneiros na produção de energia renovável, pilar fundamental para a diversificação da matriz energética", afirmou a governadora do Estado, Fátima Bezerra (PT).
O investimento no projeto-piloto será de aproximadamente R$ 12,5 milhões, segundo o governo. O acordo prevê o suporte do estado na interlocução com fornecedores e compradores de energia, além dos órgãos responsáveis pelo sistema nacional de energia.
A estrutura deverá ter 120 metros de altura e, quando concluída, terá capacidade de armazenar aproximadamente 400 megawatts de energia, o que representa quase 10% da atual capacidade de produção de energia eólica do estado. A estrutura deverá operar por 35 anos. A EV Brasil espera concluir a obra até o primeiro semestre do próximo ano.
O projeto funciona com "armazenamento gravitacional" - ou seja, a energia elétrica é transformada em energia cinética e gravitacional (relacionadas ao movimento dos objetos e à força da gravidade).
Veja o passo a passo:
- A energia elétrica - que a estrutura quer armazenar - é injetada em um motor;
- Com uso de cabos de aço, esse motor levanta blocos de concreto que pesam de 30 a 35 toneladas;
- Esses blocos são empilhados em uma torre de até 120 metros de altura, onde podem ficar por tempo indeterminado;
- Para usar a energia armazenada e jogá-la no sistema, os blocos começam a ser baixados da torre;
- O cabo de aço, por sua vez, está ligado a um gerador de energia elétrica, no topo da torre. Conforme ele se movimenta, com o peso do bloco, o gerador volta a criar energia elétrica, que é jogada de volta à rede nacional de energia.
- Ele ainda explica que a tecnologia substitui baterias químicas, que não duram tanto tempo e podem gerar resíduos tóxicos para o meio ambiente.
Hugo Fonseca, coordenador de Desenvolvimento Energético da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Norte (Sedec), explicou que o armazenamento pode garantir o fornecimento de energia nos horários em que a produção da energia é mais cara, por ter mais demanda - entre 17h e 21h.
Atualmente, a energia é lançada no sistema logo que é produzida e não é armazenada em nenhum lugar. Porém, no horário em que mais energia é consumida, à noite, a produção de energia solar, por exemplo, não existe. "Essa torre consome energia no momento que você tem menor custo e pico da produção, e pode jogar essa energia de volta para o sistema no momento em que o consumo e o custo da energia é maior", afirma.