O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD) foi ao Twitter na manhã deste sábado (4) anunciar o cancelamento da festa pública de réveillon da cidade este ano. De acordo com o prefeito, foram ouvidas opiniões divergentes entre os comitês científicos, e a gestão optou pela opção "mais restritiva".
"Respeitamos a ciência. Como são opiniões divergentes entre comitês científicos, vamos sempre ficar com a mais restritiva. O Comitê da prefeitura diz que pode. O do Estado diz que não. Então não pode. Vamos cancelar dessa forma a celebração oficial do réveillon do Rio", escreveu Paes.
Segundo o prefeito, a decisão foi tomada com tristeza, mas "infelizmente não temos como organizar uma festa dessa dimensão, em que temos muitos gastos e logística envolvidos, sem o mínimo de tempo para preparação".
Cancelamentos pelo País
O Comitê Científico do Consórcio Nordeste recomendou a proibição de festividades de final de ano e do Carnaval nos nove estados da região, por temer o surgimento de uma nova onda da covid-19. O colegiado técnico também solicitou que os governantes adotem medidas para intensificar a vacinação contra o coronavírus e mantenham a obrigatoriedade do uso de máscara. No boletim divulgado, nesta sexta-feira (3), consta que Pernambuco "apresenta indicadores de risco pandêmico e epidêmico de moderado a alto".
"Portanto, ainda não existem argumentos com base científica para quaisquer atividades presenciais que gerem aglomerações que invariavelmente violam os protocolos de segurança sanitária", explica o documento do Comitê Científico. A avaliação teve como base, os dados coletados em 26 de novembro, onde a média móvel era de 243,71 casos/dia, e também faz referência as instituições que também se posicionaram contra a realização destas festividades - Academia Pernambucana de Ciências, Academia Pernambucana de Medicina e o Conselho Regional de Medicina do Estado de Pernambuco.
O documento assinado pelo Comitê de Saúde do Consórcio Nordeste faz um alerta sobre as variantes do coronavírus, como o caso da delta e mais recentemente da ômicron. "Existe uma questão de ordem científica que tem sido repetidamente colocada por especialistas e temida pelos responsáveis pelos programas de vacinação: a maior probabilidade do surgimento de variantes virais nestas áreas com mais baixas taxas de vacinação", destacou.
"E o mais importante é que estas novas variantes podem, não somente ser mais transmissíveis e mais patogênicas, como também evadirem da imunidade produzidas pelas vacinas. Não por acaso, que a identificação recente de uma nova variante na África do Sul, denominada ômicron, esteja gerando tamanha tensão e expectativas entre políticos, gestores e especialistas", reforçam os membros do comitê.
Também é proposto a busca ativa das pessoas que ainda não receberam a segunda dose do imunizante contra a covid-19. Uma das estratégias seria utilizar a rede da saúde da família do SUS, com os agentes comunitários participando intensamente da busca e ampliar os locais de vacinação nas cidades em locais de grande circulação de pessoas.
No Recife, a prefeitura lançou o "Carro da Vacina", que promove a vacinação itinerante sem a necessidade de agendamento - desde agosto, a Secretaria de Saúde do Recife tem realizado ações nas comunidades para buscar moradores que estão dentro do perfil para receber a primeira dose, estão no prazo da segunda dose ou em atraso, e aqueles que já estão aptos a receber a dose de reforço.
Ainda segundo o documento, o comitê reforça a importância de utilizar a máscara e manter a sua obrigatoriedade. Além disso, também é recomendado manter a exigência do passaporte da vacina para entrada em cinemas, teatros, estádios de futebol, etc.
Avaliação do Comitê Científico do Consórcio Nordeste sobre os demais estados:
- Situação atual e projeções numéricas avaliadas em 25, 26 e 27 de novembro
Bahia
O documento chama atenção para o patamar elevado de novos casos confirmados da doença, que flutua em torno de 500. Enquanto em outubro, o número de óbitos diários estava em torno de seis, agora a média são de 10 mortes em decorrência da covid-19, indicando que a transmissão comunitária está presente no estado. Atualmente, a cobertura vacinal atinge 69% e 54% da população, respectivamente para primeira dose e cobertura completa. "Assim existe grande preocupação para o possível impacto da realização das festas de final de ano e, a mais longo prazo, do Carnaval".
Alagoas
O Estado apresenta indicadores de riscos pandêmicos e epidêmico de moderado a baixo. A ocupação de UTIs é de 20% e com estabilização da demanda de quantidade de leitos total e cobertura vacinal em 51,4% com 2a dose (49,5 MS). Mesmo apresentando uma média móvel de óbitos abaixado de 10 (2,01 óbitos/dia), ainda não há possibilidade de realização destas festividades. "Portanto, ainda não existe segurança sanitária para quaisquer atividades presenciais sem protocolos de distanciamento, proteção e testagem, principalmente, em grandes aglomerações como as de final de ano e Carnaval".
Ceará
Com indicadores de riscos pandêmico e epidêmico altos, a ocupação de UTIs no Ceará está em 60% e com estabilização da demanda de quantidade de leitos total. Já a cobertura vacinal foi de 61,10% com a segunda dose da vacina contra a covid-19. Ainda que em menor intensidade, a pandemia continua presente e também é recomendado a suspensão das festividades que gerem aglomerações. "Não existe segurança sanitária para quaisquer atividades presenciais sem o rígido controle de protocolos de distanciamento, proteção sanitária, o que é muito difícil em situações de aglomerações".
Maranhão
O Estado registra que o número de novos casos/dia se manteve em queda desde a última avaliação. O número de óbitos com a mesma tendência de queda. O governo do Estado flexibilizou as
medidas de contenção, mas teve que recuar em um ponto que foi o uso facultativo de máscara
em locais públicos pelo aumento tempestivo de números de casos recentemente. "A Secretaria de Saúde recomenda a não realização de Carnaval em São Luís"
Paraíba
Com um total de 460.032 casos confirmados da doença e 9.516 mortes, até o dia 26 de novembro. As previsões para novos casos e novas mortes continuam fornecendo evidência de estabilidade para os próximos 30 dias. 58,08% (57,5% MS) de toda a população do Estado está imunizada com duas doses. Apesar dos dados animadores acerca da redução de casos e da vacinação, o risco epidêmico
permanece alta e a interiorização de casos continua, e por esta razão o risco de uma nova
onda de casos ocorrer no Estado não deve ser descartado. "Ainda não há segurança sanitária plena para realização de eventos com grande quantidade de público devido aos riscos de disseminação da covid-19 e possibilidade da ocorrência de novas variantes".
Piauí
O Estado apresenta indicadores de riscos pandêmico e epidêmico altos. A taxa de infecção do Piauí está em 86/100.000 habitantes em 25 de novembro. "Portanto, no presente momento, não se tem segurança sanitária para quaisquer liberações de atividades presenciais como festas de final de ano e Carnaval"
Rio Grande do Norte
Os indicadores de riscos pandêmico e epidêmico são altos no Estado. Mesmo apresentando o índice de óbitos abaixo de uma dezena/dia (Média-Móvel de 7 dias em 4 óbitos/dia) e casos em centenas/dia (Média-Móvel - 7dias - em 284 casos/dia), a pandemia não está controlada. "Portanto, ainda não existe segurança sanitária para quaisquer atividades presenciais como festas de final de ano e Carnaval possam ocorrer sem o perigo de uma nova onda ou novas variantes do SARS-COV-2".
Sergipe
A intensidade da pandemia em Sergipe vem se mantendo em níveis bastante baixos desde meados do mês de outubro. A média semanal tem estado sempre menor que 20 novos casos
confirmados por dia, sendo que na maior parte dos dias esta média está em torno de 10 casos/dia. De forma similar, o número médio de óbitos diários sempre vem se mantendo desde em meados de outubro. "Apesar disto, há sempre preocupação para o possível impacto da realização das festas de final de ano e, a mais longo prazo, do Carnaval".