Crime organizado

O que é o PCC e qual atuação a facção tem em Pernambuco?

Na década de 1990, dentro de prisões paulistas, o Primeiro Comando da Capital (PCC) foi criado

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Cássio Oliveira

Publicado em 18/04/2022 às 9:51 | Atualizado em 18/04/2022 às 9:52
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Uma prisão realizada em Pernambuco, no sábado, 16 de abril, chamou a atenção do Brasil. Durante abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o traficante Valdeci Alves dos Santos, conhecido como Colorido, um dos líderes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), foi preso.

Colorido estava foragido desde 2014 e teve seu nome incluído na lista de homens mais procurados do país pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. A sua prisão contou com a colaboração da Polícia Federal do Paraná, do Mato Grosso do Sul e do Rio Grande do Norte.

Mas o que é o PCC?

Wilson Dias/Agência Brasil
PCC foi criado em prisões paulistas - Wilson Dias/Agência Brasil

O PCC é considerado a maior facção criminosa do Brasil e conta com dezenas de milhares de membros espalhados pelo País.

Reportagem do Portal UOL sobre o grupo aponta que um dos fatos que motivaram seu surgimento foi o massacre do Carandiru, em 31 de outubro de 1992, quando a Polícia Militar de São Paulo matou 111 presos para conter uma rebelião no antigo presídio da capital paulista.

A facção, que começou como um "sindicato" dos presos, reivindicando melhores condições nas cadeias, ganhou uma estrutura de cartel e opera no tráfico internacional.

O PCC tem presença comprovada no Paraguai (grande produtor de maconha) e na Bolívia (grande produtora de cocaína). O faturamento do grupo criminoso já foi estimado em cerca de R$ 400 milhões por ano.

Inclusive, as investigações conduzidas pelas forças policiais indicavam que Colorido vivia na Bolívia durante parte do tempo em que esteve foragido.

A facção tem sua atuação norteada por um estatuto criado em 2001. Um trecho do livro O Sindicato do Crime diz que o “crime organizado construiu seu formato, estabeleceu seus códigos, criou uma nova linguagem, avançou sobre funcionários de presídios, sobre juízes, policiais, promotores, advogados e sobre jornalistas”.

Especialistas apontam que o modelo que a facção segue serviu de inspiração e contribuiu para a formação de outras organizações criminosas nos presídios paulistas, que em contrapartida se dedicam a fazer frente ao poder do PCC.

Líder do PCC

Foto: ABr/Arquivo
Marcola é apontado como líder do PCC - Foto: ABr/Arquivo

De acordo com a polícia, o atual líder do PCC, Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, continua solto. A liderança dele teria sido designada por outro líder, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, que teria transmitido responsabilidades sobre a facção devido a sua dificuldade de comunicação no sistema penitenciário federal, onde se encontra detido.

Marcola não é membro fundador. Segundo relato ao UOL de José Márcio Felício, o Geleião, fundador da facção, Marcola não quis se envolver na matança que deu origem ao grupo e ficou em sua cela.

Qual a atuação do PCC em Pernambuco e em todo o Brasil?

Foto: Agência Brasil
O próprio líder máximo da facção, Marcos William Herbas Camacho, o "Marcola", já foi sentenciado a mais de 30 anos de prisão - Foto: Agência Brasil

Em 2016, com o assassinato de Jorge Rafaat – conhecido como o “Rei da fronteira”, o “chefão” do crime organizado na fronteira com o Paraguai – o PCC conseguiu hegemonia do tráfico de drogas e armas a partir da região e se tornou o primeiro cartel internacional de drogas com sede no Brasil.

De acordo com a edição 2498 de outubro de 2016 da Revista Veja, se a facção criminosa fosse uma empresa, seria uma das maiores do país:

“Se fosse uma empresa, o PCC seria hoje a décima sexta maior do país, à frente de gigantes como a montadora Volkswagen. Trata-se de um império corporativo em que os produtos são as drogas ilícitas. Os clientes são dependentes químicos. Os fornecedores são criminosos paraguaios, bolivianos e colombianos. Os métodos são o assassinato, a extorsão, a propina e a lavagem de dinheiro. As áreas de diversificação são os assaltos a bancos, o roubo de carga e o tráfico de armas.Apenas com a venda de drogas para o consumo no território nacional, a organização alcança um faturamento anual da ordem de 20,3 bilhões de reais, sem incluir as receitas com roubo de cargas e assalto a banco.”

Tendo, de fato, a prática de negócios inspirada em modelos empresariais, o grupo tem o tráfico de drogas como um de seus principais negócios desde a sua fundação, sendo considerado hoje o “carro-chefe” do PCC.

Como foi a prisão de Colorido?

REPRODUÇÃO DA INTERNET
Prisão de Valdeci Alves foi celebrada pelo ministro da Justiça - REPRODUÇÃO DA INTERNET

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) prendeu Colorido na rodovia BR-116, no município pernambucano de Salgueiro.

A ação de captura contou com a colaboração da Polícia Federal de três estados – Paraná, Mato Grosso do Sul e do Rio Grande do Norte.

“O delinquente, agora fora de operação, era um dos principais cabeças no esquema de fornecimento de drogas para os estados da Região Sudeste do país”, disse o Ministério da Justiça e Segurança Pública.

A prisão foi feita em decorrência de uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal e se deu por volta das 15h30 quando o foragido estava dentro de um veículo Toyota de cor branca e apresentou uma Carteira Nacional de Habilitação com os dados do seu irmão, utilizando uma foto sua no local da original. Após confirmação das irregularidades, o caso foi levado para a Delegacia de Polícia Federal em Salgueiro/PE para os procedimentos de polícia judiciária.

PRF/DIVULGAÇÃO
Um dos líderes do PCC foi preso em Pernambuco - PRF/DIVULGAÇÃO

A perícia papiloscópica foi feita e confirmou a falsidade do documento, razão pelo qual o suspeito foi autuado em flagrante pelo crime constante no artigo 304 do Código Penal (uso de documento falso – cujas penas variam de 2 a 6 anos de reclusão).

Após a conclusão do flagrante e em razão da altíssima periculosidade do preso, foi montado um forte esquema de segurança para a imediata transferência dele para o sistema prisional em Recife onde ficará à disposição da Justiça Federal. O motorista que vinha dirigindo o veículo, foi ouvido e liberado em seguida em virtude de não constar nenhum impedimento em seu desfavor.

Além da habilitação falsa, também foram apreendidos dois aparelhos celulares, R$ 11.500 reais, três relógios rolex (avaliados em 150 mil reais cada, se forem originais), além de jóias (anel e colar). 

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