COMIDA

Sem reajuste na merenda, ovo é dividido entre crianças em escola infantil

No último mês, o governo Bolsonaro vetou a correção da inflação na merenda escolar

Cadastrado por

Katarina Moraes

Publicado em 16/09/2022 às 9:47 | Atualizado em 16/09/2022 às 10:01
A foto do prato oferecido na Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Ipiranga, em Belo Horizonte, rodou pelas redes sociais - REPRODUÇÃO

A falta de reajuste na merenda escolar e a inflação dos alimentos têm provocado racionamentos nas refeições pelas escolas do Brasil, segundo mostrou reportagem desta sexta-feira (16) do Estadão. Em um dos casos, crianças ganham apenas 1/4 de ovo para almoçar.

A foto do prato oferecido na Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Ipiranga, em Belo Horizonte, rodou nas redes sociais. Ela mostra que a refeição servida leva a quarta parte do ovo, uma colher de arroz, um pouco de verdura e molho de carne.

O pai de uma das crianças, o policial Natan Oliveira, contou que o filho passou a pedir comida ao chegar em casa - o que não acontecia antes. A prefeitura negou ter havido a redução de alimentos e que vai investigar o caso.

“Depois que vi as imagens (de pratos quase vazios), entendi que não só ele, mas todas as crianças estavam recebendo menos alimentação do que a quantidade ideal.” Ele disse que a merenda melhorou após a exposição.

Em agosto, o governo Jair Bolsonaro vetou a correção da inflação, que havia sido aprovada pelo Congresso. A justificativa é de que isso pode tirar verbas de outros programas e estourar o teto de gastos. O reajuste também não está previsto no Projeto de Lei Orçamentária.

O custeio da merenda é feito pela União, Estados e municípios, mas, principalmente em cidades pobres, a participação federal é importante. 

A inflação da cesta básica, que inclui feijão e verduras, teve alta de 26,75% de maio de 2021 a maio deste ano.

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) atende a 41 milhões de alunos no País. Com o alto número de desemprego, a merenda é a única chance de refeição equilibrada no dia para grande parte das crianças.

Outros casos

Também foram divulgadas fotos de alunos do Centro Educacional 3 de Planaltina, no Distrito Federal, com a marca de carimbo na mão para não repetirem a merenda circularam nas redes. Ao Estadão, a diretoria da escola afirmou que a medida para evitar “fura-fila”, com alunos servidos mais de uma vez e outros ficarem sem. 

A Secretaria da Educação repudiou a medida e disse que não falta alimentos nem ter veto a repetir. Segundo a pasta, o caso foi isolado e é apurado pela Corregedoria. O sindicato dos professores diz que há restrições em mais escolas – o governo nega.

Em Cascavel, no Paraná, pais reclamam da falta de itens básicos, como arroz. A prefeitura diz ter notificado a empresa vencedora da licitação para corrigir eventuais faltas e destacou ter comprado R$ 33 milhões em alimentos. 

Em Melgaço, no Pará, relatório do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, de agosto, aponta que a merenda, de baixa qualidade, não é oferecida todo o mês. Quando falta, diz o documento, muitos alunos “ficam com fome e têm seu rendimento prejudicado. Até mesmo a ida para a escola é condicionada à existência da merenda”.

Educadores contaram que, na maioria das vezes, são ofertados suco e bolacha. A prefeitura não se manifestou.

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