*Com informações da Agência Brasil.
O caso do Césio-137 em Goiânia foi o acidente radioativo mais grave do país que se tem conhecimento.
O vazamento do material radioativo aconteceu em setembro de 1987 após dois catadores de materiais recicláveis encontrarem uma máquina desconhecida nas instalações do antigo Instituto Goiano de Radioterapia.
Os homens levaram o equipamento para casa e o desmontaram, ficaram com algumas parte e o que restou foi vendido para um ferro-velho.
Devair Ferreira, proprietário do ferro-velho, desmontou o que restou da máquina na intenção de reaproveitar o chumbo, mas, com isso, expôs o ambiente a 19,26 gramas de cloreto de Césio-137.
O material radioativo era numa forma de pó branco que emitia uma luz azulada no escuro. Encantado pelo item, Ferreira mostrou para toda a vizinhança. Algumas pessoas até levavam uma amostra do Césio para casa.
Além disso, parte do equipamento também acabou sendo vendida para outro ferro-velho, o que fez a radiação se espalhar mais rapidamente.
Em questão de dias, as pessoas começaram a apresentar os primeiros sintomas de altos níveis de radiação no organismo, como diarreia, náuseas, tonturas e vômitos.
Os infectados buscaram ajuda nos hospitais de Goiânia, mas a Vigilância Sanitária só concluiu que os sintomas eram acarretados por contaminação radioativa 16 dias depois.
O acidente de Césio-137 deixou quatro pessoas mortas diretamente, além de 129 pessoas comprovadamente contaminadas e cerca de 6 mil toneladas de lixo e rejeitos.
As primeiras vítimas foram a esposa do dono do ferro-velho, Maria Gabriela, e sua sobrinha, Neves Ferreira, de 6 anos, que até chegou a ingerir o material radioativo.
Cerca de cinquenta pacientes contaminados pelo Césio-137 foram lavados ao Rio de Janeiro, para o Hospital Naval Marcílio Dias, referência no tratamento de vítimas de acidentes radioativos.
No total, mais de 112 mil pessoas foram expostas aos efeitos do Césio, em Goiânia.
Segundo o diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Ivan Salati, desde 1987, houve muito avanço em relação à segurança da manipulação de fontes radioativas, referente à regulação e ao controle.
Para Salati, a situação em Goiânia foi algo atípico. O diretor da CNEN afirma que grande parte do acidente foi culpa dos responsáveis pelas instalações do antigo Instituto Goiano de Radioterapia, visto que "não exerceram a responsabilidade sobre os materiais ali existentes de maneira adequada".
No ano seguinte ao acidente, a CNEN fez uma operação pente-fino em todo o país, para fazer um levantamento de fontes que haviam chegado antes desse período e que não estavam mais em uso ou que precisavam do registro.
Além disso, também foi criado um sistema de atendimento 24 horas para denúncias. O serviço possibilita acionar equipes preparadas para investigar possíveis riscos de radiação no país.
Vale ressaltar que, no acidente de Goiânia, o tempo que levou para a radiação ser detectada foi o que contribui para contaminação do Césio.
O físico Walter Mendes que fez o alarme sobre o acidente do Césio-137 em Goiânia, no dia 29 de setembro de 1987 para CNEN, que enviou uma equipe para a tomar providências na cidade.
FONTES RADIOATIVAS DE CÉSIO-137 DESAPARECEM EM MINERADORA DE MINAS GERAIS
No dia 29 de junho, duas fontes de Césio-137, isótopo radioativo, desapareceram de uma mineradora em Nazareno, no sul de Minas Gerais.
Técnicos da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) estão investigando sobre o desaparecimento.
Os responsáveis pelas investigações acreditam que os equipamentos podem ter sido furtados.
Técnicos do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN) foram ao local do desaparecimento no dia seguinte ao desaparecimento para verificar as medidas de radioproteção da mineradora.
No mesmo dia, a Polícia também foi acionada e a empresa registrou um boletim de ocorrência.
Segundo a Comissão Nacional de Energia Nuclear, as fontes desaparecidas são duplamente encapsuladas com aço inoxidável, além de blindadas externamente em aço inox, o que as fazem resistirem a impactos.
As fontes de Césio-137 estão classificadas na categoria 5 e "não perigosas", de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
"Não são esperados efeitos severos à saúde pelo contato com as mesmas. No entanto, é importante continuar as buscas para recuperá-las de tal forma a prevenir exposições desnecessárias", declarou a CNEN.