Pastas de dente são utilizadas para fabricar cadeiras

Escolas do Grande Recife adotaram móveis feitos com placas de plástico, usados para fabricar embalagens de creme dental
Verônica Falcão
Publicado em 25/06/2011 às 18:33
Escolas do Grande Recife adotaram móveis feitos com placas de plástico, usados para fabricar embalagens de creme dental Foto: Foto: Guga Matos/JC Imagem


No lugar de madeira, tubos de pasta de dente reciclados. Assim são as cadeiras da Escola Conviver, na Linha do Tiro, Zona Norte do Recife, e de outras 13 da Região Metropolitana que passaram a utilizar o material como uma forma de contribuir para a conservação do meio ambiente. “É também mais fácil de limpar”, destaca a diretora, Jacineide Carlos.

A ideia de utilizar as placas de plástico, no lugar de blocos de compensado ou de MDF, é do microempresário Sebastião Rufino Barbosa. “Além do apelo ambiental e de ser impermeável, o plástico reciclado dura mais”, garante.

O material é fabricado na única indústria de reciclagem de tubos de pasta de dente de Pernambuco, a Alluse, na Vila Popular, em Olinda. A empresa produz as placas, utilizadas na indústria de móveis, na construção civil e ainda na produção de telhas.

“A produção de placas e telhas é meio a meio”, diz o presidente da Alluse, Helder Bernardes Araújo. A empresa processa por mês cerca de 300 toneladas de plástico, a maioria sobra da indústria, antes destinada a aterros. As placas são utilizadas em móveis e na construção civil, como tapumes ou no bandejamento, aquela proteção que se vê em volta dos prédios em obra, para evitar a queda de material.

Já as telhas substituem as de fibrocimento, cujo fabricante mais conhecido é a Brasilit. Com uma vantagem: segundo Helder, refletem 60% mais o calor. “São inquebráveis, impermeáveis, mais leves, não acumulam sujeira e fungos e, claro, têm o apelo ecológico”, enumera as vantagens.

O microempresário explica que o isolamento térmico é garantido pelo alumínio presente na composição dos tubos de creme dental. “Um tubo tem 75% de plástico e 25% de alumínio”, detalha. Helder diz ter realizado testes de resistência do novo material, que produz desde 2006, no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), do governo de São Paulo. Ele garante que as placas e telhas recicladas, embora de plástico, não propagam fogo. Para isso, na fabricação o produto recebe um aditivo.

O nome da substância não é revelado. Faz parte do segredo industrial da Alluse, que requereu a patente das telhas e placas de plástico no Instituto Nacional de Propriedade Industrial, do governo Federal. As placas possuem espessura que varia de 4 a 20 milímetros e um colorido característico. Pontos verdes, azuis e até pretos das embalagens, mas os vermelhos são os que mais se destacam.

Uma embalagem de pasta de dente, com quatro gramas, é composta por três camadas. A externa é de plástico, a do meio é de alumínio e a interior é uma película transparente, também de polímero. Por isso, o processo de fabricação costuma envolver três tipos de indústria. “Na de laminados se junta as três camadas, na de impressão se rotula e na de cosméticos se envasa”, descreve Hélder.

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