Quem passa pela pequena panificadora Pão Pão, localizada na Rua Imperial, no bairro de São José, Centro do Recife, não imagina a tecnologia existente sobre sua estrutura simples. No teto do antigo imóvel, 39 módulos fotovoltaicos captam a luz do sol produzindo energia limpa e reduzindo o consumo de energia elétrica. A padaria é o primeiro empreendimento do Recife a inaugurar projeto de energia renovável por meio do programa PE Solar, que está financiando até R$ 300 mil para micros, pequenas e médias empresas.
“Esse projeto chegou na hora certa. A panificação está sofrendo muito com o aumento exagerado de energia, pois o consumo é altíssimo”, comemora o proprietário da padaria, José Cosme da Silva, 65 anos. Ele preside a Cooperativa dos Industriais de Panificação, Confeitaria e Produtos Similares (Coopancosi), que firmou parceria com o Estado. “Fiz questão de ser o primeiro para estimular os demais. Minha conta de energia custa, em média, R$ 2,8 mil e vou ter uma economia de 40%. Não deu para ser mais porque meu telhado é pequeno, mas há colegas no interior que terão 100% de economia”.
O projeto da Pão Pão custou R$ 68 mil, sendo 80% financiados no prazo máximo, de oito anos. Em geral, as parcelas a serem pagas são equivalentes ao valor da conta de energia. Ou seja, numa conta de R$ 2,8 mil, Cosme passa a pagar cerca de R$ 1,6 mil à Celpe e R$ 1,2 mil à Agência de Fomento do Estado de Pernambuco (Agefepe), mantendo o mesmo valor gasto até quitar o financiamento. “Os resultados não são imediatos, existe uma certa burocracia (a Celpe precisa homologar o projeto), mas acreditamos que será bom”, diz Wilson Pereira, 40, filho de Cosme.
Em alguns casos, contudo, a captação poderá ser maior que o consumo, podendo o excesso ser vendido à Celpe ou utilizado para abater a conta de outro imóvel. Vale salientar que os painéis têm vida útil entre 25 e 30 anos.
De acordo com o secretário da Micro e Pequena Empresa, Trabalho e Qualificação, Evandro Avelar, atualmente existem R$ 10 milhões disponíveis para o programa. “Não poderemos atender a um volume expressivo, mas queremos chegar ao maior número de empresas possível”, salienta. “Hoje temos outras cinco já financiadas e mais 15 em análise. Mas acredito que muitas não vão buscar financiamento. Elas mesmas se viabilizarão”.
Para participar, é preciso contratar um dos fornecedores de painéis cadastrados. Ele faz o projeto e leva até a Agefepe, que avalia sua viabilidade. Locais com muita sombra, por exemplo, não têm um resultado que compense o investimento.