Em alguns segmentos da sociedade, as opções de lazer são bastante limitadas e, muitas vezes, animais servem como diversão para crianças que não têm brinquedos, por exemplo. Apesar disso, desde 1967, manter animais silvestres em cativeiro é crime Federal, passível de multa ou até prisão, em casos de espécies em extinção. Essa era a realidade de muitos dos sete mil animais resgatados pela Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH) durante o ano de 2015.
Em parceria com o Detran, o órgão lançou nesta terça-feira (5) a campanha “Animal não é brinquedo”. Na quadra da comunidade Vila Vintém, no bairro de Casa Forte, na Zona Norte da capital, agentes da CPRH levaram informações para conscientizar sobre a criação irregular de animais silvestres. A ação vai doar brinquedos às crianças que tiverem bichinhos apreendidos nas fiscalizações da Agência. Até o Dia das Crianças, em 12 de outubro, nas lojas do Detran em shoppings e na sede da CPRH haverá pontos de arrecadação de brinquedos para essas ocasiões.
Durante o lançamento da campanha, moradores da região e estudantes da Escola Estadual Padre Donino receberam kits informativos e brindes que trazem informações sobre os danos à fauna silvestre que podem ser causados pelo cárcere desses bichos. Paulo Oliveira é um dos alunos que participaram da ação e conta que ter animais é bom, mas apenas quando estes são domésticos. “Aqui eu aprendi que existem espécies estão desaparecendo no Brasil e que alguns animais não podem viver com humanos, em gaiolas. É importante cuidar dos animais, mas nem todos podem sair da floresta”, comenta.
A presidente da CPRH, Simone Souza, conta que no ano passado o órgão apreendeu mais de sete mil animais da fauna silvestre e que muitos desses estão em risco de extinção. “Os casos mais comuns são de pássaros, já que existe uma cultura de cativeiro de aves por causa do canto ou das cores exóticas”, comenta. Ela explica que uma das espécies mais comuns é a dos papagaios, que estão em risco de extinção. “Além da criação doméstica e irregular desses animais, algo que preocupa é o tráfico, já que muitos espécimes morrem durante o transporte”, alerta Simone.
O diretor de Recursos Florestais e Biodiversidade, Walber Santana explica que o objetivo principal da campanha é mostrar que a defesa do meio ambiente não é só coisa de gente grande. “Para defender a natureza não precisa ser chato. Animal silvestre é diferente de doméstico e o bom é ver esses bichos soltos”, disse.
Dos animais recolhidos pela CPRH, a maioria é libertada quase que imediatamente pelos agentes, se estiverem em boas condições de saúde. Se não, os espécimes são recolhidos para o Centro de Triagem de Animais Silvetres (Ceta), onde os animais são rehabilitados e, se possível, devolvidos à natureza. “Além da saúde física, fazemos trabalhos psicológicos para que os animais reaprendam a viver sem a interferência humana. Atualmente temos mais de 600 animais no Ceta”, conta Simone Souza.
Além de alertar para o crime ambiental de manter animais silvestres em cativeiro, busca fazer arrecadações para doar brinquedos às crianças que tiverem animais apreendidos durante as fiscalizações, já que algumas espécies da fauna brasileira não podem ser domesticadas.
Há fiscalizações, mas a CPRH também recebe animais por doação voluntária, que é quando o criador decide devolver o animal à natureza e não paga multa. Para esses casos, o órgão até emite uma certidão de regularidade para o transporte do bicho até o Centro de Triagem, para que, caso abordadas enquanto entregam o animal, as pessoas sejam liberadas.
Para fazer denúncias ou a doação dos animais, é possível entrar em contrato com a Unidade de Gestão de Fauna da CPRH pelo telefone (81) 3182.8905. A Agência fica na rua de Santanna, nº 367, bairro de Casa Forte.