Uma brigada de 10 alunos da PUC-Rio começou a construção de quatro cisternas de 16 mil litros em duas comunidades rurais de Riacho das Almas (PE), agreste pernambucano. A ação é resultado de um financiamento coletivo online, liderado pelos próprios estudantes, que arrecadou 58 mil reais para as construções através do projeto Água para Vidas da ONG Habitat para a Humanidade Brasil. As cisternas ficarão prontas nesta sexta-feira (14), construídas em um esforço conjunto pelos voluntários e pelas famílias, sempre orientados e apoiados por uma equipe da Habitat composta por pedreiros e técnicos construtivos especializados.
O voluntariado surgiu do interesse da engenheira ambiental Raquel Flinker que, depois de atuar em ação semelhante na mesma cidade junto à Habitat Brasil em 2015, sentiu-se motivada a engajar outras pessoas na causa. “Foi uma vivência única onde pude ver a realidade do Agreste e quebrar meus próprios estereótipos. Pude colocar a mão na massa de verdade e profundamente ajudar famílias que têm acesso limitado a água de qualidade. Ficou claro, para mim, que esse projeto poderia acrescentar na formação de engenheiros ambientais. O Água para Vidas une conhecimento técnico, transformação social e sem a menor dúvida, crescimento pessoal”, explica Raquel.
Município de 20 mil habitantes, localizado na microrregião do Vale do Ipojuca, a 131 km de Recife, Riacho das Almas é um dos municípios que sofre com a pior seca dos últimos 100 anos no Nordeste. Os desafios na falta de acesso à água obrigam as famílias a caminharem cerca de 2 km para conseguir entre 20L a 150L (quando conseguem o apoio de uma carroça para carregar). O sofrimento é ainda maior para famílias com crianças e idosos, que muitas vezes precisam participar do deslocamento para ajudar na busca de água.
“Durante o período de seca, os desafios com a renda familiar são agravados, já que a maioria das famílias da região trabalha com a agricultura. O projeto faz uma escolha de priorizar aquelas mais vulneráveis, que recebem em média meio salário mínimo por mês, não têm acesso a água em casa, são lideradas por mulheres e têm crianças, idosos ou pessoas com deficiência física vivendo no local. A presença dos voluntários em ações como esta são fundamentais para que o contexto de vulnerabilidade social dessas famílias seja percebido por pessoas que vivem em realidades mais favoráveis e que podem engajar outras no processo de transformação social, como ficou bem claro nesta ação incentivada pela Raquel entre seus colegas”, detalha a Gerente de Programas da Habitat Brasil, Mohema Rolim.
O projeto Água para Vidas já atendeu famílias vivendo em extrema pobreza nas zonas rurais, sem acesso a água, em cerca de 15 municípios do estado de Pernambuco. O projeto contempla a reforma e ampliação de telhados para captação de água de chuva, juntamente com a construção de cisternas de placas para armazenamento. Além disso, as famílias participam de cursos de capacitação em temáticas como Gestão de Recursos Hídricos, educação financeira e Gênero, Direitos Humanos e Políticas Públicas. Até o momento, cerca de 430 famílias já foram atendidas pelo projeto.