Estudo mostra perfil de estudantes de programas de iniciação científica

Pesquisa foi baseada nas respostas dadas pelos concluintes de cursos e participantes do Enade no período de 2010 a 2012
Da Agência Brasil
Publicado em 28/11/2014 às 9:03
Pesquisa foi baseada nas respostas dadas pelos concluintes de cursos e participantes do Enade no período de 2010 a 2012 Foto: Foto: Reprodução/Internet


Pouco mais de um terço – 37,4% – dos estudantes de ensino superior participam de programas de iniciação científica no Brasil e, desses, 74,2% consideram que eles oferecem grande contribuição à formação do aluno. Os dados fazem parte do estudo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior do Estado de São Paulo (Semesp), que será divulgado nesta sexta-feira (28) no 14º Congresso Nacional de Iniciação Científica.

A pesquisa foi baseada nas respostas dadas pelos concluintes de cursos e participantes do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) no período de 2010 a 2012. O levantamento traça um perfil dos estudantes que participam de programas de iniciação científica. Eles são majoritariamente brancos, grande parte tem renda familiar até 4,5 salários mínimos e mais da metade são filhos de pais com formação até o ensino médio.

Para o diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, o índice ainda está aquém do desejável. “A iniciação científica tem papéis muito importantes. Um deles é o de estimular um caminho ainda pouco desenvolvido no Brasil, que é a carreira acadêmica – faz o aluno pegar gosto pela pesquisa e precisamos de pesquisadores no país”, diz.

Além disso, segundo Capelato, ajuda a reduzir o nível de evasão, quando a teoria começa a fazer sentido, quando o estudante faz pesquisa de campo, de laboratório. Ele acrescenta que a iniciação permite uma integração com a comunidade e o enfrentamento de problemas locais.

Dos participantes, 77,6% estão matriculados em instituições privadas e 22,4%, em públicas, percentuais semelhantes às matrículas em cada um dos sistemas de ensino. Cerca de 61,6% dos estudantes –   pesquisadores na rede privada – e 59% na rede pública são brancos. Mulatos e negros, seguindo a classificação do estudo, somam 36% na rede privada e 38,1% na pública. De acordo com o estudo, a expectativa é que, com a política de cotas nas instituições públicas, o índice de negros aumente.

Praticamente a metade dos alunos que participam de programas de iniciação científica, tanto na rede privada quanto na rede pública, tem renda familiar até 4,5 salários mínimos. A faixa de renda familiar em que há maior concentração de alunos fica em torno de 1,5 a 3 salários mínimos, sendo 26,1% na rede privada e 24,6% na pública. Em segundo lugar vem a faixa de 3 a 4,5 salários mínimos, 21,6% na rede privada e 17,9% na pública.

No estado de São Paulo, detalhado no estudo, 59,6% são filhos de pais que têm o ensino médio completo. “Isso mostra que além de ser a primeira geração a ingressar no ensino superior, os estudantes estão ainda na iniciação científica, imagina o quanto isso pode transformar uma realidade. Historicamente, esse aluno nem chegaria ao ensino superior”, diz Capelato.

Na rede privada, 39,4% disseram receber algum tipo de bolsa de estudo ou financiamento para custear as mensalidades do curso. A maioria deles, 29,3%, recebe auxílio oferecido pela própria instituição de ensino superior. Um total de 16,1% é formado por bolsistas integrais do Programa Universidade para Todos (ProUni), 14,7% recebem outro tipo de bolsa oferecida pelo governo estadual, distrital ou municipal e 13,4% têm o Fundo de Financiamento Estudantil, o Fies.

Em relação aos cursos, o de administração (17,3%) foi o que apresentou o maior número de alunos de iniciação científica na rede privada, seguido das carreiras de direito (12%), pedagogia (10,3%), enfermagem (6,1%) e ciências contábeis (5,7%). Na rede pública, o curso de pedagogia foi o mais procurado (9,8%), seguido dos de biologia (7,1%), letras (6,1%), medicina (4,8%) e administração (4,5%).

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