Instituto Arqueológico completa um século e meio de história

Em um século e meio de vida passou por mudanças para acompanhar as transformações naturais do tempo e hoje também atende o público usando recursos da web
Do JC Online
Publicado em 21/01/2012 às 15:55
Em um século e meio de vida passou por mudanças para acompanhar as transformações naturais do tempo e hoje também atende o público usando recursos da web Foto: Foto: Rodrigo Lôbo/JC Imagem


No próximo sábado, o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP) completa 150 anos de atividades ininterruptas. A entidade, fundada em 28 de janeiro de 1862, é uma das mais antigas associações culturais brasileiras. Em um século e meio de vida, claro, passou por mudanças para acompanhar as transformações naturais do tempo. Chega a 2012 querendo ficar cada vez mais perto da população, usando os recursos da web.

“Houve uma mudança de conceito de sociedade e de história nessa trajetória de 150 anos do Instituto Arqueológico”, avalia o arquiteto José Luiz Mota Menezes, vice-presidente da entidade. O grupo inicial, formado por cinco intelectuais da elite local, criou uma associação baseada na história dos feitos gloriosos, diz ele. “Na época, o maior orgulho dos pernambucanos era ter vencido a guerra contra os holandeses e o instituto contava a história dos dominadores.”

A grande transformação veio com o historiador José Augusto Pereira da Costa (1851-1923), no princípio do século 20, quando ele tirou o foco da história das lutas para ingressar na história da cultura. “Foi um marco nessa mudança de conceito, o instituto se afastou dos cultos gloriosos de origem para se dedicar à pesquisa em documentos”, destaca o arquiteto.

Simpático à abolição da escravatura, o IAHGP começou, então, a se voltar para a sociedade dos dominados. Com isso, assumiu o papel de guardião das bandeiras usadas nos movimentos abolicionistas. Sociedades de defesa dos escravos, como a Avis Liberta, entregaram seus brasões ao instituto, que mantém os objetos em exposição.

» Confira imagens do IAHGP feitas pelos repórteres fotográficos Chico Porto e Igo Bione/JC Imagem:

No fim do século 19, o historiador José Hygino Duarte Pereira (1847-1901) inaugurou a fase da busca da verdade em documentos, numa viagem aos arquivos da Holanda. “Foi uma mudança coletiva entre os intelectuais. Os holandeses deixaram de ser vistos como inimigos e os pesquisadores começaram a estudar a contribuição cultural que ficou no Brasil.”

José Hygino trouxe para o IAHGP o Atlas Vingboons e 30 volumes de documentos copiados, o maior acervo já visto sobre o período da dominação flamenga (1630-1654). “É um material procurado por pesquisadores da Holanda, porque alguns não existem mais no país”, comenta José Luiz. O atlas é uma raridade da cartografia holandesa no Brasil.

Enquanto José Hygino resgatou documentos, chamados pelos historiadores de fonte primária, o engenheiro e historiador Alfredo de Carvalho (1870-1916) reuniu grande quantidade de livros e panfletos sobre a época dos holandeses. “Infelizmente, por dificuldades financeiras, ele teve de vender a Biblioteca Exótica Brasileira”, lamenta o arquiteto.

Instituto também atende o público pelo endereço www.institutoarqueologico.com.br.

» Leia matéria completa no caderno Cidades do jornal do Commercio deste domingo (22).

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