Uma tragédia impune, sem providências, sem consequên-cias. Um ano depois, completados na próxima sexta-feira, o acidente com o voo 4896 da Noar Linhas Aéreas (veja infográfico com reconstituição do acidente e galeria de fotos da época), que matou 16 pessoas (14 passageiros e dois tripulantes), continua sem respostas. Até agora, sabe-se apenas que a queda da aeronave LET-410, que foi ao chão 3 minutos e 18 segundos depois de decolar, teria como uma das causas a fadiga extremamente precoce de uma peça. Nada mais. Os culpados não foram sequer apontados, muito menos punidos. As investigações se arrastam, sem qualquer perspectiva de desfecho. Indenizações não foram pagas. Nem satisfação aos familiares das vítimas tem sido dada pelos vários órgãos que investigam o caso. Aos parentes só restaram a dor, a perda. Só restou reaprender a viver, esperar por respostas. Alguns têm conseguido, outros não.
A queda do LET-410 não matou apenas 16 pessoas naquele início de manhã. Destruiu 16 famílias. Enfraqueceu e destroçou mães, pais, filhos, irmãos. Levou sonhos, acabou com esperanças. Um ano depois, poucos topam falar sobre a tragédia. Muitos fogem do assunto. Relembrar o acidente é reabrir uma grande ferida. É pura dor. "Me desculpe, mas dói muito. O sentimento ainda é muito doloroso. Falar dela é aumentar a perda. Lembrar que minha filha se foi aos 25 anos, me faz muito mal. Desculpe", assim Roberval de Oliveira, pai da representante comercial e ex-modelo Débora Pontes, que entrou no avião da Noar para cumprir uma agenda de trabalho no Rio Grande do Norte, destino do voo, atendeu à ligação da reportagem na semana passada.