Um grupo de aproximadamente 1.200 índios de 12 nações indígenas do Estado protestam na manhã desta quarta-feira (3) na frente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), no bairro da Boa Vista, centro do Recife. Eles pedem a regularização da categoria de professores indígenas no Estado e, a nível federal, a garantia da demarcação de seus territórios. Nesse momento, 50 lideranças indígenas estão reunidos com a Comissão de Educação e Cultura do Plenário.
A audiência pública já estava marcada e começou às 10h30 no auditório da Alepe. As lideranças discutem a educação indígena com 30 deputados. Mais 50 representantes do movimento devem entrar na reunião em breve. A reunião é presidida poe Teresa Leitão, presidente da Comissão de Educação e Cultura da Alepe. Do lado de fora da Casa, diversos indíos esperam o resultado da audiência. Muitos estão caracterizados e realizam danças típicas. Eles se reuniram às 8h no Marco Zero, no centro do Recife, de onde marcharam até a Alepe.
Lideranças indígenas que participam da manifestação explicam que cada povo desenvolve o seu próprio método de ensino. "Cada nação tem sua cultura e seu dialeto. São os próprios índios que passam esses ensinamentos às crianças, mas hoje isso não acontece de forma regularizada", diz Zé de Santa, vice-cacique do povo Xucuru. Ele ainda diz que a normalização da categoria é uma reivindicação antiga e é apresentada ao governo estadual desde 1998. Os índios acreditam que a regularização vai proporcionar uma educação de qualidade nas aldeias.
Além de pedir melhorias no sistema de ensino, os indígenas protestam contra algumas emendas constitucionais que colocam em risco a posse de seus territórios. "Esta é uma grande mobilização contra as ameaças aos direitos indígenas e às medidas que atingem nossa terra", diz Irã da tribo Xucuru. Eles são contra a PEC 215 e as portarias 303 e 133.
Segundo Zé de Santa, essas medidas deixam a cargo do Congresso Nacional a demarcação do território indígena. Além disso, deixam suas terreas sujeitas a reintegrações de posse. "Essas medidas podem transformar o povo indígena nos novos favelados. Se perdermos o direito da nossa terra, vamos deixar de cultivá-la para mendigar nas cidades", reclama o vice-cacique.
Os indígenas das 12 nações pernambucanas estão reunidos desde domingo (31/03) na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) para participar do encontro anual da Comissão de Professores Indígenas de Pernambuco – COPIPE. Nessa terça-feira (2), eles já haviam comparecido ao Ministério Público Federal para apresentar suas reivindicações. Participam da manifestação representantes dos povos Xucuru, Kambiwá, Kapinawá, Fulni-ô, Truká, Pankararu, Atikum, Pankará, Tuxá, Pipipã, Pankaiuká e Entre Serras.