A gestão da água do sistema de abastecimento é dividida entre vários órgãos e poderes. A água bruta, sem qualquer tratamento, é monitorada pela Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), que contrata a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) para realizar testes e medições. Mauro Marinho, chefe de qualidade da instância que avalia o índice de qualidade de água bruta (ITA), diz que o órgão dá conta de 50 reservatórios, 45 deles voltados para água de consumo humano.
“Queremos monitorar 90 reservatórios, que correspondem a 80% dos existentes no Estado.” Aqueles com água de baixíssima qualidade não servem nem mesmo para ser tratados – tecnicamente, estão em colapso. No boletim divulgado no último dia 27, pela Apac, eram 14 os reservatórios sem condições de uso (em municípios como Parnamirim, Venturosa, Sertânia, Belém do São Francisco e São José do Egito). Além da CPRH/Apac, Marinho informa que o monitoramento dos reservatórios também é feito pela Compesa (água bruta e tratada) e Fundação Nacional de Saúde.
Procurada para falar sobre o assunto, a Compesa preferiu emitir uma nota. Nela, afirma que “a água que abastece os caminhões-pipa da companhia em períodos de seca é retirada apenas na saída de suas estações de tratamento de água ou de reservatórios de água tratada de mananciais, onde há controle rigoroso da qualidade da água, observando os parâmetros de potabilidade exigidos pela Portaria 2914/2011 do Ministério da Saúde.” Também divulgou que grande parte dos caminhões – neste caso, nem todos – são monitorados através de GPS, garantindo que a água seja retirada apenas de locais previamente autorizados.
A companhia, durante as estiagens, leva água através de carros-pipa apenas para localidades urbanas, onde há rede de abastecimento, enquanto o Exército e o Estado levam a água para a zona rural. “Sendo assim, a companhia não tem controle do abastecimento realizado nas localidades rurais, assim como pelo uso indevido de água sem procedência, retirada pelos próprios moradores de fontes duvidosas, como é o caso de açudes e barreiros”, finaliza a nota.
A partir dessa informação, fica difícil saber o que aconteceu na casa de Aldenir e Jailma, zona urbana de Águas Belas abastecida pela Compesa (vista na reportagem de ontem). Ali, toda família ficou doente e o bebê Rodolfo, de dois meses, morreu. Falta de cuidado dos pais com a água (a família não usa hipoclorito) ou esta já veio contaminada do próprio sistema de abastecimento? Estava limpa e foi infectada na tubulação? Só análises em todos os locais podem responder.