PMs afastados por perseguição e morte

As primeiras evidências isentam Adriano Ramos, morto na noite de domingo por soldados, após furar blitz na Madalena, de disparar contra viatura da polícia
Da editoria de Cidades
Publicado em 15/04/2014 às 9:17
As primeiras evidências isentam Adriano Ramos, morto na noite de domingo por soldados, após furar blitz na Madalena, de disparar contra viatura da polícia Foto: Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem


Os quatro policiais militares envolvidos na perseguição que resultou na morte de Adriano Egito Santiago Ramos, de 26 anos, na noite do domingo no bairro de Afogados, Zona Oeste do Recife, foram afastados de suas atividades durante o andamento das investigações. Contrariando a versão apresentada pelos PMs de que a vítima teria disparado contra uma das viaturas, a família do vendedor de automóveis garante que ele nunca possuiu arma de fogo. O corpo de Adriano será velado na manhã de hoje, no Cemitério Parque das Flores, no bairro do Sancho, Zona Oeste do Recife.

“Ele nunca teve arma, nunca usou arma. Ele pode ter bebido alguma cerveja e ficado com receio de ser multado”, acredita Aurino César, 32 anos, primo de Adriano. Além dos exames para constatar o uso de álcool e drogas, foram coletadas provas residuográficas, que detectam presença de pólvora nas mãos. A perícia realizada no carro da vítima e nas duas viaturas deve ficar pronta em até dez dias. Com o resultado, será possível saber o calibre da bala que atingiu um dos carros da PM.

Responsável pela investigação do caso, o delegado Ivaldo Pereira, da 4ª Delegacia de Homicídios, revela que foi informado por policias da Força-Tarefa de Homicídios de que não há nenhuma marca de tiro disparado de dentro para fora do carro de Adriano. “Tudo leva a crer que ele não atirou na viatura, mas é preciso esperar o resultado da perícia para tirar conclusões”, ressalta o delegado. O Instituto de Criminalística tem um prazo de dez dias para apresentar o laudo, mas poderá pedir prorrogação se não for suficiente.

Apesar das evidências, o delegado não descarta nenhuma hipótese e continua trabalhando, principalmente, com duas possibilidades. “Ou a vítima realmente atirou e teremos que procurar a arma, já que não foi encontrada nenhuma, ou uma viatura atirou na outra”, comenta Ivaldo Pereira, que terá 30 dias para concluir as investigações. Além das provas técnicas, o delegado irá se basear no depoimento de testemunhas e de câmeras que tenham registrado a perseguição, iniciada no Mercado da Madalena.

Segundo os policiais militares, a perseguição começou quando a viatura da Patrulha do Bairro da Madalena tentou interceptar o carro de Adriano, que estaria em alta velocidade. Próximo à Rua Cosme Viana, em Afogados, a vítima teria parado, mas, segundo os PMs, ao tentarem disparar contra os pneus para evitar uma nova fuga, Adriano teria arrancado com o veículo e só parou após colidir com uma segunda viatura, da Patrulha do Bairro da Mangueira. Em nota, a Polícia Militar informou que os quatro policiais estão recebendo acompanhamento psicológico.

No Facebook, o jornalista Cristiano Ramos, irmão da vítima, fez um desabafo. “Os policiais decidiram que, agora, dirigir em alta velocidade e (supostamente) avançar sinal vermelho é caso para fuzilamento.”

TAGS
perseguição policial policiais militares investigação Afogados
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory