Praça da República fechada com cadeado

Logradouro, um dos mais famosos pontos turísticos do Recife, foi isolado pela Casa Militar, para evitar depredações
Da editoria de Cidades
Publicado em 09/07/2014 às 6:28
Logradouro, um dos mais famosos pontos turísticos do Recife, foi isolado pela Casa Militar, para evitar depredações Foto: Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem


Turistas e moradores do Recife estão privados de conhecer um dos principais cartões-postais da cidade: a Praça da República, no Centro, está fechada para visitações. O motivo oficial é preservar o local de possíveis ocupações e manifestações por parte de movimentos sociais, além de evitar eventuais depredações dos torcedores que frequentam a Fan Fest da Fifa, no Cais da Alfândega, para os jogos da Copa do Mundo.

De acordo com o coronel Flávio Moraes, secretário de gabinete da Casa Militar do governo do Estado, alguns movimentos sociais escolheram a Copa como período de protesto, e a medida visa preservar o patrimônio público. “Inclusive aproveitamos o tempo em que o local está fechado para melhorar a manutenção”, disse. Ainda segundo o coronel Moraes, a medida está sendo adotada nos dias de jogos do Mundial, principalmente da Seleção Brasileira. Nenhuma manifestação, no entanto, aconteceu na Praça da República ou nas imediações.

Manifestantes ligados ao Movimento Ocupe Estelita afirmaram, em redes sociais, que o governo estadual teria fechado a Praça da República temendo uma iminente ocupação do local. Desde o último dia 17 de junho, quando houve a reintegração de posse do Cais José Estelita, os militantes do movimento estão acampados embaixo do viaduto Capitão Temudo, no Cabanga.

Funcionários que cuidam da manutenção da praça, ouvidos ontem pela reportagem sob a condição de não se identificarem, confirmaram que existe, por parte do governo, a preocupação com uma eventual ocupação do local.

Segundo a pesquisadora aposentada da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) Semira Adler Vainsencher, o fechamento da Praça da República pelo governo do Estado atenta contra a liberdade. “A praça é um local público, e se há uma preocupação com eventuais danos ao patrimônio ou ocupações, deve-se manter um policiamento permanente na área, e não fechá-la para todas as pessoas”, disse.

Segundo ela, privar o público de conhecer a Praça da República é atentar contra a própria história do Recife. “Além de ser um local com vista estratégica para o Palácio do Campo das Princesas, Tribunal de Justiça e Teatro Santa Isabel, tem obras de arte e um dos baobás mais antigos do País. É ponto obrigatório para quem quer conhecer nosso passado”, completou.

A Praça da República tem oito estátuas de bronze que simbolizam divindades da mitologia greco-romana, além do monumento ao poeta Augusto dos Anjos e a estátua de Francisco do Rego Barros, o Conde da Boa Vista. A gestão do local é da Casa Militar, cabendo à Prefeitura apenas a limpeza da área.

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