Requalificação do Canal do Arruda é mais uma obra que deve se arrastar

Uma das intervenções mais esperadas da Zona Norte do Recife está paralisada. No lugar de operários, o lugar voltou a ser ocupado por carroças e lixo
Marina Barbosa
Publicado em 26/09/2014 às 7:43
Foto: Guga Matos/ JC Imagem


As obras de requalificação do Canal do Arruda, na Zona Norte do Recife, mal começaram e já pararam. O serviço foi prometido por Geraldo Julio no início de 2013, mas só começou a ser executado em julho deste ano. Agora, menos de três meses após o início das obras, já não há mais sinais dos operários que iriam mudar a cara da região. Eles deram início aos trabalhos em frente ao Estádio José do Rêgo Maciel, mas desapareceram esta semana. Sobraram dois vigilantes para proteger os tapumes do canteiro de obras. No restante dos 3,8 quilômetros da Avenida Professor José dos Anjos, que deve ganhar calçadas, ciclovias e áreas de lazer, não há indícios de que o serviço está por vir. O trabalho não começou e o cenário é o mesmo de sempre: as margens de terra batida do curso-d’água suja continuam tomadas por lixo, mato, metralhas, móveis usados, banheiros improvisados, carroças, cavalos e varais de roupa.

Esperada há anos pelos moradores da área, a revitalização foi anunciada em fevereiro do ano passado. Mas só voltou à tona em novembro, após o Jornal do Commercio denunciar a realidade dos meninos de Saramandaia que se embrenhavam no mar de lixo em que o fosso havia se transformado para catar latas de alumínio. Anteontem, o lixo que era a fonte de sustento de Paulinho, Geivson e Tauã já não era tão visível, mas outras crianças foram flagradas tomando banho na água suja. O serviço que pretende mudar essa realidade só começou a sair do papel em julho deste ano. Na época, os operários escavaram as calçadas e montaram o canteiro de obras na frente do Estádio do Santa Cruz, mas não seguiram para o resto da beira-canal. “Disseram que vão melhorar tudo. Começaram a fazer a calçada ali na frente, mas não apareceram por aqui”, reclamava a aposentada Severina Santana, 65 anos, em agosto.

Na época, a Empresa de Urbanização do Recife (URB), responsável pela obra, explicou que a revitalização será feita em etapas. Por isso, o serviço estava concentrado em um trecho. Agora, os operários sumiram. Na manhã de quarta-feira, ninguém trabalhava ao longo do canal. Só na frente dos depósitos de material reciclável próximos à Rua Petronila Botelho havia garis limpando a sujeira acumulada entre a fila de carroças. Já no lugar dos operários e do material de construção, bandeiras de propaganda eleitoral. “Se as obras pararam no único trecho em que começaram, só devem chegar aqui em 2020”, reclama Marcelo Oliveira, 31, que mora próximo à Avenida Beberibe, em um dos trechos ainda sem sinais de melhoria. O vizinho Mozart Gomes, 46, já perdeu até as esperanças de que a frente de casa vai mudar. “Esperamos muito tempo por isso e agora que começaram não terminaram. Para ser sincero, não acredito mais que vá para frente”, admite.

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