Ruas de Ipojuca são mapeadas e casas ganham CEP

Lançado pela prefeitura, o programa Endereço Certo já anotou 193 logradouros com falhas na identificação. Todo trabalho será finalizado em abril de 2015
Marina Barbosa
Publicado em 07/10/2014 às 8:58
Lançado pela prefeitura, o programa Endereço Certo já anotou 193 logradouros com falhas na identificação. Todo trabalho será finalizado em abril de 2015 Foto: Foto: Guga Matos / JC Imagem


Helton Pimentel tem 23 anos, mas nunca recebeu uma carta em casa. Os vizinhos também não têm esse “privilégio”. Eles moram no Loteamento Canoas, em Ipojuca, Região Metropolitana do Recife, e não recebem correspondências porque suas casas não possuem código de endereçamento postal (CEP). Muitos nem sabem o nome correto da rua em que moram, já que alguns logradouros são conhecidos de maneiras diferentes. A Travessa João Rufino, por exemplo, também é chamada de Rua 30. O problema se repete em outros distritos do município, mas finalmente está prestes a mudar. É que, há um mês, a prefeitura lançou o programa Endereço Certo para mapear e identificar todas as ruas da cidade. 

O levantamento começou a ser feito com auxílio dos próprios moradores e já está quase concluído. Apenas o Alto da Bela Vista ainda não foi mapeado. Mas, segundo a empresa Neo Sistema, que coordena o estudo, o trabalho de campo deve ser concluído ainda nesta semana. Até agora, 633 logradouros foram identificados em Nossa Senhora do Ó, Ipojuca Sede, Camela e na região das praias. No entanto, 193 dessas ruas têm problemas de identificação: 24 não têm nome, 75 possuem dois nomes e 94 são conhecidas apenas pelo nome popular. De acordo com os dados, sobram 440 ruas sem problemas de reconhecimento. Mas, segundo a prefeitura, só 148 delas são denominadas por lei. 

Assim que for concluído, o levantamento será encaminhado à Câmara Municipal para que as outras ruas sejam batizadas oficialmente. Por enquanto, já são 148 logradouros à espera de uma identificação legal. De acordo com a secretária de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente, Terezinha Uchoa, as leis devem legitimar os nomes já usados pela população. Mas, no caso das ruas que têm mais de uma denominação, os cidadãos serão orientados a utilizar o que for escolhido como oficial. Depois disso, o mapa da cidade será atualizado com a identificação oficial das ruas e cada residência vai ganhar o CEP. 

PRAZO FINAL - A previsão é que todo o processo termine em abril do próximo ano. No mês seguinte, Helton Pimentel já poderá estrear a caixa dos correios de casa. Enquanto isso não acontece, o estudante usa o endereço da namorada para receber correspondências. Faturas de cartão, produtos comprados pela internet, documentos, tudo vai para a casa de Izabelle Alves, 21, que mora em Nossa Senhora do Ó. “Se não mandasse para lá, teria que ir até o centro de Ipojuca para pegar as cartas na agência dos Correios”, explica Helton. Mas nem assim ele tem certeza que as encomendas chegarão corretamente. É que a rua de Izabelle, a Segunda Travessa Mario Julio do Rego, também é chamada de Esconde Nego. “Este é o nome popular, mas aparece em algumas correspondências. Nossa conta de água usa esse endereço, já a de luz usa o oficial. É uma confusão. Já aconteceu de darmos o endereço oficial e ele não ser encontrado”, conta a estudante. 

Muita gente usa a mesma tática de Helton para não ter o trabalho de ir até os Correios. Mesmo assim, cerca de quatro mil correspondências ficam à espera de seus destinatários na agência de Ipojuca todo mês. O autônomo José Souza, 48, por exemplo, tira a segunda via das contas na internet para não ter que ir à agência. José e Helton estão na torcida para que o projeto da prefeitura dê certo e as cartas finalmente comecem a chegar a casa. “Será muito bom, não vamos mais depender dos outros. Ainda poderei fazer compras pela internet e assinaturas de revistas”, diz o estudante. 

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