Trabalhar com segurança já não parece mais possível no prédio da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), na Cidade Universitária, Zona Oeste do Recife. E não é a falta de policiamento que preocupa servidores públicos e advogados, mas as condições físicas do edifício, construído há 40 anos. A situação é tão grave que os juízes da 23ª Vara do Trabalho resolveram cruzar os braços hoje em protesto às deficiências do local. Eles querem alertar a população sobre a manutenção precária e os conseqüentes riscos enfrentados por quem frequenta a Sudene.
Os 13 andares do prédio de quase 68 mil metros quadrados apresentam problemas estruturais como rachaduras, infiltrações, fios expostos e extintores vencidos. Elevadores quebrados e falta de saídas de emergência também amedrontam os servidores.“Temos medo que ocorra um incidente que coloque todos em perigo. Não estamos preocupados apenas com nossa segurança. Se houver um incêndio, o fogo pode se alastrar pelo prédio inteiro porque não há portas de contenção”, explica José Adelmyr Accioly, vice-presidente da Associação dos Magistrados do Trabalho (Amatra) e um dos organizadores da paralisação. Além dos juízes, trabalham na Sudene técnicos de órgãos públicos como o IBGE e o Ministério da Saúde. Por dia, cerca de três mil pessoas passam pelo local.
Em uma rápida visita, é possível entender a preocupação. Logo na entrada, um buraco na parede com quase um metro de diâmetro assusta os visitantes. No estacionamento, rachaduras cortam as paredes de cima a baixo. Ainda é possível observar as bases dos pilares que sustentam a construção. A escavação foi feita há um ano para que a estrutura fosse reforçada, mas o serviço ficou pela metade e o canteiro de obras continua aberto. No teto, fios caídos e tubulações enferrujadas com vazamentos completam o cenário de abandono. Um banheiro foi interditado por causa do problema. Na porta, uma placa explica o motivo: “não se aproxime, risco de choque”.
Durante a paralisação, funcionários das 23 varas de trabalho instaladas no edifício vão conversar e distribuir panfletos entre os visitantes para expor a situação. A Amatra ainda pediu que os Bombeiros e a Defesa Civil do Recife vistoriem o prédio para indicar as reformas necessárias. Todas as audiências marcadas para hoje serão remarcadas para os próximos dias.