O Forte de Pau Amarelo, construção do século 18 na orla de Paulista e tombada como monumento nacional desde 1938, teve os seis canhões de ferro cobertos com tinta na cor ouro velho. De acordo com moradores, a pintura apareceu pouco antes do Carnaval, em fevereiro de 2015. Mas o secretário de Turismo da cidade, Rafael Siqueira, afirma que a prefeitura não fez intervenções recentes no local.
“Não teve pintura no forte na atual gestão, os canhões estão do jeito que recebemos”, garante Rafael Siqueira. “Qualquer obra lá depende de autorização do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), porque a fortaleza é tombada”, acrescenta. Uma foto de arquivo do JC, feita em 2013, mostra os canhões sem pintura.
Além da nova cor, duas das peças de artilharia estão pichadas. O mesmo acontece com paredes brancas da parte superior da edificação, onde ficam os canhões e que funciona como um ponto para contemplação do mar. Em uma das paredes o autor dos rabiscos deixou um recado irônico, com letras gigantes: “de novo eu, se pinta, eu volto! kkk”.
Um fã do grupo O Rappa escreveu em outro trecho da parede uma frase da música Anjos (Pra quem tem fé, a vida nunca tem fim), ao lado de desenhos do rosto de Marcelo Falcão, vocalista e compositor da banda. O Rappa se apresentou na área do forte na programação do Carnaval de Paulista.
Sem vigias (nenhum foi avistado na manhã de quinta-feira, 26) e com as salas do andar térreo fechadas, a fortaleza é pouco atrativa a moradores e turistas. Pela primeira vez em Paulista, a técnica de enfermagem carioca Lúcia Regina Melo visitou o forte ontem e saiu decepcionada. “Não me senti segura, passei menos de cinco minutos e saí”, diz. Ela estava acompanhada de parentes que moram na cidade.
“Encontramos preservativos usados e cacos de vidro no chão. Não esperávamos isso numa área histórica. Poderia ter uma pessoa para receber os visitantes”, ressaltam Lúcia e a nora Érika Alvarenga Dias. No acesso ao terraço, (a área dos canhões) elas ainda passaram por uma cueca marrom largada na rampa.
A professora Izabel Araújo, moradora do Janga, caminhava no entorno do forte e disse que só entrou na edificação uma vez, há muitos anos. “Deveria ser um espaço de visitação, mas faltam atrativos”, comenta Izabel.
O secretário Rafael Siqueira espera mudar o cenário com a execução do projeto de recuperação da fortaleza, anunciado desde outubro de 2013 e nunca executado. A proposta, diz ele, prevê instalação de museu nas salas térreas, totem interativo e centro de atendimento ao turista.
Essa não é a primeira vez que o Forte de Pau Amarelo é pintado de forma equivocada. Tempos atrás, as molduras de cantaria (pedra) em volta das janelas e portas ganharam coloração alaranjada.
O superintendente do Iphan, Frederico Almeida, não foi localizado para comentar o assunto.