O especial multimídia Filhos da Dor - Quando o amor se transforma em omissão, publicado, nesta sexta-feira (28), pelo Sistema Jornal do Commercio, deve virar material educativo. Quem defende a ideia é o médico João Veiga, presidente do Comitê Estadual de Prevenção aos Acidentes de Moto (Cepam), que promete encaminhar a reportagem – abordando a dor dos pais que perdem os filhos em acidentes de motocicletas e ciclomotores – a todas as secretarias de educação do Estado. “Muitos alunos chegam às escolas pernambucanas de cinquentinha. Por isso, os secretários de Educação são coresponsáveis por prevenir essa tragédia que se abate sobre nossos jovens”, diz.
Com texto de Roberta Soares, fotos de Heudes Régis e design de Ana Carolina Soriano e Fabiana Martins, o material tomou como base a responsabilidade dos pais no uso de motocicletas por crianças e adolescentes. Um fato que se tornou corriqueiro, sobretudo no interior do Estado, onde a moto é vista como bicicleta, e que vem deixando muitos pais dilacerados pela dor e pela culpa de perder um filho em um acidente que poderia ser evitado se os jovens não tivessem acesso ao veículo.
O material teve grande repercussão nas redes sociais, com vários relatos de pessoas que perderam parentes, amigos ou sofreram graves acidentes. Também houve quem defendesse que os riscos de morte em motocicleta são os mesmos de qualquer veículo, coisa que os números desmentem. Só em 2014, um total de 34.298 pessoas morreram em acidentes de moto, o que representa 75% do número total de mortos em acidentes no ano, que foi de 45.942.
“O retorno dos leitores e internautas mostra que o tema mexe com todo mundo e precisa de reflexão”, avalia Roberta, que percorreu cinco mil quilômetros em busca das histórias divulgadas. Casos como o do agricultor José Edmário Santana, de 35 anos, que perdeu a filha, Rayanne da Silva, 14, quando ela andava numa moto de 250 cilindradas na garupa do irmão de 17 anos. “Eu me sinto até mais culpado do que meu filho. Porque se não tivesse comprado essa moto, talvez não tivesse acontecido”, desabafou. “Se a reportagem fizer um pai ou uma mãe tomar ou desistir de dar uma moto a um filho menor de idade eu me dou por satisfeita”, diz Roberta.