O aposentado Alberto Bezerra, 60 anos, carrega o amor pelos animais do berço. Afirma, categoricamente, sempre ter se dado melhor com os cães do que com as pessoas que conheceu na vida. Em 2004, quando foi morar em Candeias, Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, resolveu utilizar a nova casa para acolher bichos abandonados. O local ganhou o nome de Abrigo do Senhor Alberto e, hoje, com a ajuda de voluntários sensibilizados pela página homônima no Facebook, ampara 112 cachorros. A jornalista Goretti Queiroz, 52, conta que o poder de influência da profissão a motivou a lutar pela causa animal, estudando políticas públicas e cobrando uma postura do governo em torno do tema. Há oito anos, resgata, cuida e media a adoção de pets. Através de páginas na rede social, ela atinge aproximadamente 40 mil pessoas com campanhas pela defesa de cães e gatos.
O que Alberto e Goretti têm em comum é a luta pela proteção dos bichos com a ajuda de desconhecidos mobilizados pela web. Eles, assim como várias entidades e pessoas físicas, se articulam para encontrar formas de ajudar os cerca de 100 mil animais abandonados só na capital pernambucana (dados da Secretaria-Executiva dos Direitos dos Animais, Seda). Não é uma tarefa fácil. Exige tempo, dedicação e recursos financeiros. Mas o reforço da rede ajuda a recrutar voluntários e renovar a fé na causa.
As redes sociais são fundamentais para a arrecadação do dinheiro gasto com veterinário e, principalmente, para achar novos lares para os bichos. “Com o acesso à internet, muita gente pôde conhecer meu trabalho e ajudar. Antes disso, só Deus sabe como eu fazia para manter esses cães”, relata Alberto Bezerra, cuja página no Facebook conta com mais de 8 mil seguidores. Segundo ele, para alimentar os cachorros que abriga, são necessárias três sacas de 25 quilos por dia. O gasto médio por mês, conta, é de R$ 6 mil.
“O Facebook é fundamental no processo de resgate de animais. Quando acolho, já começo a fazer campanhas para recolher dinheiro para tratamento, porque eles sempre vêm abatidos e com problemas de saúde. Depois de castrados e vermifugados, inicio a campanha de adoção. Noventa por cento dos lares que encontrei para os animais foi através da rede social”, detalha a fotógrafa Tatiana Valença, 25, que atua de maneira independente há quatro anos.
Criada em 2013, a Seda informou ter intermediado a adoção de 732 bichos através de 21 feiras públicas até o momento. Ainda de acordo com estimativas do órgão, aproximadamente 60% dos animais abandonados no Recife são gatos. Os cachorros correspondem a 40% do total.
A jornalista Goretti Queiroz é moderadora do grupo Rede de Defesa Animal de Pernambuco no Facebook, que conta com mais de 5 mil membros. Além disso, administra outras páginas na rede social, como a Goretti Queiroz DogMidiaa (com quase 8,5 mil seguidores) e a SOS Dentinho (cerca de 11 mil). “O poder público não ajuda de maneira efetiva. A gente realmente apela para as campanhas virtuais” critica. “Por meio delas”, complementa, “conseguimos vitórias surpreendentes. É uma luta difícil, mas a causa tem ganhado força. Os animais agora têm voz”.