No Recife, marcha prega o empoderamento negro e combate a discriminação racial

Primeira vez que ocorre na capital pernambucana, passeata deve ter edição anual
Do JC Online
Publicado em 13/09/2015 às 15:04
Primeira vez que ocorre na capital pernambucana, passeata deve ter edição anual Foto: Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem


Inspirados por uma passeata em São Paulo, dezenas de militantes contrários ao racismo decidiram se reunir neste domingo (13), no Recife, para realizar a primeira Marcha do Empoderamento Negro, que saiu do Derby em direção ao Marco Zero, no bairro do Recife. “A marcha tem o objetivo de tomar a consciência da população sobre esse mito da democracia racial. E principalmente empoderar as pessoas negras, para que elas tomem consciência da sua estética e da sua história. A gente está aqui apresentando informações para as pessoas começarem a desconstruir aquele racismo velado”, explicou a estudante Nathália Rocha, uma das organizadoras do evento, que também teve palestras e apresentações de maracatu e coco de roda.

“Também estamos protestando contra as empresas que impõe um padrão de beleza para nos contratar. A gente tem o direito de trabalhar com esse nosso cabelo. Se a sociedade diz que nós somos iguais, a gente não deveria sofrer tanto preconceito pela nossa estética”, conta ainda. O movimento do Recife, foi inspirado pela Marcha do Orgulho Crespo, que ocorreu em São Paulo no final de julho. A ideia é que a passeata aconteça anualmente.

A organização do ato, que tem o apoio do Coletivo de Mulheres Negras e do Movimento Negro Unificado (MNU) acredita que a principal bandeira da marcha é trazer representatividade para as crianças negras. “O racismo pode mudar a partir do momento em que as pessoas se aceitam, e passam isso para as crianças”, defende a fotógrafa Rayza Oliveira, dona de uma loja virtual de produtos inspirados na cultura afro. “O racismo está em todos os lugares. Desde escola, instituições públicas e privadas. O Estado em si, é racista. Essa marcha é para as mulheres e homens que se sentem acuados. Para que eles se sintam cada vez mais acolhidos”, afirma.

Foi o que aconteceu com Izabel Cristina, auxiliar administrativa, que soube do ato através do Facebook. “Eu nunca tinha participado. Tenho 53 anos e é a primeira vez que estou aqui. Eu senti que era importante. Nunca vi tantos jovens reunidos para fazer um movimento desse”, diz ela, para quem a marcha é importante para ajudar a acabar com a hipocrisia da sociedade em relação ao racismo. “Eu tinha medo de vir e ser criticada. Porque a gente é criticado. Tudo o que a gente faz é criticado. Existe muito preconceito. Mas se a gente lutar, muda. É ter fé em Deus, que muda”, garante.

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