Leandra Mendonça da Silva, 23 anos, está grávida do primeiro filho. Na verdade, primeiro filho é só modo de falar. Há quase 30 semanas – completa nesta quinta-feira, 1º de outubro – ela carrega quatro bebês no ventre. Um menino e três meninas, gerados por quatro óvulos distintos. Na reta final da gestação, Leandra está internada na maternidade do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), na Encruzilhada, Zona Norte do Recife, à espera do nascimento de Jhonata Davi, Maria Júlia, Isabella Beatriz e Laila Thaís, provavelmente em outubro.
A jovem pernambucana também espera contar com a ajuda da sociedade para conseguir uma casa maior. E acomodar os filhos sem aperto. Leandra mora em Caueiras, um povoado de Aliança, município da Zona da Mata do Estado, com o marido, José Dácio da Silva Lira, 22, operador de máquinas numa usina de cana-de-açúcar em Carpina, na mesma região. Mas a casa, no quintal dos sogros, tem apenas um quarto, uma sala, uma cozinha e um banheiro. Ficou pequena para a família que vai triplicar de tamanho.
Por enquanto, a solução encontrada foi instalar o quarto dos bebês na residência dos sogros. “A Usina Petribu, onde meu marido trabalha, fez uma campanha com os funcionários. Ganhamos fraldas, roupas, meias, luvas, produtos de higiene e dois berços grandes, que são suficientes para os quatro, eles vão nascer pequenininhos. Temos o enxoval que eles precisam”, diz Leandra.
A empresa Implanor (fabricante de máquinas para produtores de cana) e uma escola particular, ambas em Caueiras, também fizeram doações para o casal, surpreendido pela gravidez de quadrigêmeos. Serena e tranquila com a gestação, Leandra disse que não recorreu a métodos artificiais para engravidar. Mas, após dois anos de casada suspendeu as pílulas anticoncepcionais e recebeu orientação médica, em Aliança, para usar um indutor de ovulação.
“Tomei cinco comprimidos, meia cartela, em um mês e no outro estava grávida”, diz ela. Aos dois meses de gestação fez um exame de ultrassom. “O médico olhou e disse: mulher, você vai ser mãe de quatro! Eu respondi: O senhor não está vendo errado não?”, recorda. José Dácio passou quatro noites sem dormir, depois de receber ao notícia.
Casos como o da jovem pernambucana são considerados raros na medicina, acontece na proporção de uma para 512 mil gravidezes, diz o tocoginecologista Stevam Rios. Quadrigêmeos univitelinos, quando nascem bebês idênticos, são mais difíceis ainda. “É uma para 25 milhões de gestações”, informa Stevam Rios, preceptor de Obstetrícia na Enfermaria de Alto Risco do Cisam. Leandra terá gêmeos fraternos (não idênticos). Ao se internar, no fim de agosto, havia engordado 13,3 quilos, passando de 51 para 64,3 quilos.
Em casa, ela vai contar com a ajuda da mãe, de irmãs e da sogra para cuidar de quatro recém-nascidos ao mesmo tempo. “Essa é uma das vantagens de família grande e unida”, diz Lívia Mendonça, 18, irmã caçula de Leandra, uma das acompanhantes na maternidade e uma das voluntárias. “Fui a primeira a saber da notícia, estava com ela durante o exame. A gente ria e chorava”, diz Lívia.
“Minha mãe tem 12 filhos (oito mulheres e quatro homens), sendo um casal de gêmeos. Sempre pensava que um de nós também poderia ter gêmeos. Só não imaginava que seria eu. Mas, se Deus mandou, sabe que a gente suporta”, declara Leandra, seguidora da religião evangélica. “Não fiquei assustada e só vou pensar na trabalheira quando sair da maternidade com os quatro nos braços”. Quem quiser ajudar a família pode entrar em contato pelos números 81 99443-9493 (Leandra) e 81 99364-1828 (José Dácio).