O clima de Natal tomou conta da Avenida Rio Branco, no Recife Antigo, neste domingo à noite. Com iluminação natalina modesta neste ano, o local atraiu famílias e muitas crianças para curtir atrações de cultura popular. Folguedo do ciclo das festas natalinas de estados do Nordeste, o pastoril foi a principal atração da programação. O auto é um dos quatro espetáculos mais populares da região, juntamente com bumba meu boi, mamulengo e fandango.
Presente no evento, a secretária de Cultura da cidade, Leda Alves, fez um apelo para que as famílias reforcem o combate ao Aedes aegypti. Lembrou que os focos podem estar em vários lugares dentro de casa e que essa luta é de todos. Entre as apresentações, o locutor também aproveitava a oportunidade para lembrar ao público a importância de combater o mosquito, transmissor da dengue, chicungunha e zika.
A médica veterinária Rosilda Barreto – professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) – saiu da plateia e foi ao microfone dar uma forcinha: “É muito importante que todos tenham muito cuidado, não só com a água parada, mas também com a higiene e limpeza. Não deixem lixo acumulado”, registrou.
O Coral do Conservatório Pernambucano de Música abriu a programação natalina, no Bairro do Recife, às 17h. Logo em seguida veio a Banda da Polícia Militar, que levou a animação até as 19h, sob muitos aplausos. Em clima de muita descontração e tranquilidade, o público dançou e cantou as músicas entoadas, como Noite Feliz, Faz um Milagre em Mim, Sombra em Nosso Olhar, Let it Go e Wave.
A advogada aposentada Conceição Queiroz disse ter visto a programação no JC. “Vim especialmente para ver o pastoril, eu era sempre a mestra na minha infância”, contou. “Acho formidável essa programação voltada para o público e gosto muito das nossas tradições”.
O engenheiro, também aposentado, João Luiz Lessa curtiu a festa ao lado da esposa, Ana Cristina. “De vez em quando, estamos aqui pelo Bairro do Recife, gostamos muito daqui, e os pastoris lembram o tempo de menino”. Fazendo a festa da criançada, após a banda entrou o grupo de Teatro Mestre Bila. A apresentação foi seguida da Companhia Trapiá de Dança.
Logo depois, subiu ao palco o Pastoril Aurora da Redenção, seguido de O Pique do Guerreiro do Balé Popular, do Pastoril Estrela do Mar e, por último, do Pastoril Velho Xaveco. O homenageado neste Natal, João da Guabiraba, também participou da festa.
O taxista Rafael Rocha levou a filha pequena, Júlia, de três anos, para curtir os festejos gratuitos no Bairro do Recife. “É bom para as crianças. É um clima calmo, bem natalino, sem maldades”, avalia. Ele diz que só sentiu falta de uma iluminação mais atraente no local. A Prefeitura do Recife realmente investiu pouco neste ano, por conta do cenário, de menor recurso em caixa e de escalada da conta de energia neste ano, que já subiu mais de 30% no Estado.
Também no evento, a pesquisadora da Secretaria de Cultura do Recife e especialista em cultura popular Carmem Lélis lembrou que o pastoril tem origem na Península Ibérica. Representando a “luta” entre o cordão azul e o encarnado, com o tempo o Auto Pastoril transformou-se em sincretismo profano-religioso.