Além de passagem mais cara, assaltos assustam usuários de ônibus

Ocorrências dentro dos coletivos aumentaram 66,4% em 2015
Do JC Online
Publicado em 20/01/2016 às 7:00
Ocorrências dentro dos coletivos aumentaram 66,4% em 2015 Foto: Hélia Shceppa/Acervo JC


Desde a 0h de ontem, os cerca de dois milhões de usuários do sistema metropolitano de ônibus já arcam com o peso do novo reajuste de tarifas. Com as passagens 14,42% mais caras, o anel A – utilizado por 85% dos passageiros – passou de R$ 2,45 para R$ 2,80. Como se não fossem torturantes o bastante as notórias deficiências na operação do sistema, um outro fantasma assombra a população que utiliza o transporte coletivo: a criminalidade.

Os assaltos registrados por pessoas físicas dentro dos ônibus aumentaram 66,4% em 2015. Foram 647 ocorrências em 2014 e 1.077 no ano passado. Quando o registro é feito pelas empresas – os ladrões geralmente roubam várias pessoas por veículo em cada investida – o aumento é de 41,5% (291 em 2014 e 412 em 2015).

Os relatos das vítimas traçam um perfil das investidas: geralmente em duplas, os criminosos deixam os coletivos passarem por lugares ermos e abordam os passageiros, levando celulares e carteiras. “Já fui roubado duas vezes dentro de ônibus, sempre por duplas. Na segunda, tive uma arma de fogo apontada contra a cabeça. Mas é nosso meio de transporte, né? Não dá pra abondonar”, diz o gerente administrativo Ednaldo Souza.

Os representantes dos usuários no Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM) pretendem apresentar, na próxima reunião do órgão, em março, uma proposta de melhoria da segurança nos coletivos. “As câmeras não conseguem inibir os ladrões, e a PM não pode estar em todos os lugares. É preciso pensar em outras formas de garantir segurança”, diz o conselheiro Nael Antônio.

A Polícia Militar afirma que mantém duas operações voltadas para a segurança nos coletivos. Na primeira, policiais a pé e motorizados são colocados dentro dos terminais integrados de passageiros. A segunda é a operação Transporte Seguro, que opera em pontos selecionados da Região Metropolitana, de acordo com os registros de ocorrência, a partir de dados divulgados pela Secretaria de Defesa Social (SDS). O objetivo é realizar abordagem em coletivos e linhas previamente identificados como focos de assaltos (a PM não informa quais são). Segundo a assessoria de Comunicação da corporação, “as Patrulhas dos Bairros, os motopatrulheiros e os Grupos de Apoio Tático Itinerante (Gati) já fazem as rondas próximo aos pontos de ônibus”.

Ainda segundo a PM, é importante o acionamento imediato da polícia através do 190, informando as características dos suspeitos. “É preciso, ainda, que seja formalizada a queixa na delegacia da Polícia Civil mais próxima para que a área citada seja incluída na operação.”

O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros em Pernambuco (Urbana-PE) afirma que, desde 2007, as empresas têm investido em equipamentos de segurança nos veículos. Segundo a entidade, algumas delas aumentaram o número de câmeras para até quatro por ônibus. O sindicato alega que as empresas também são vítimas das ocorrências e que tem solicitado às autoridades ações para solucionar a questão, colocando-se à disposição para contribuir. “A Urbana-PE tem estimulado ainda a utilização de cartões eletrônicos para pagamento das passagens, de maneira a reduzir o montante de dinheiro a bordo e tornar as abordagens menos atrativas.” O Grande Recife Consórcio orienta as vítimas de assalto a prestar queixa imediatamente após a ocorrência.


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