A cultura do açúcar em exposição no Museu da Cidade do Recife

Mostra Doc(e) Recife será inaugurada neste sábado (19) e conta a evolução da cidade pela cana-de-açúcar
Da Editoria Cidades
Publicado em 18/03/2016 às 8:08
Foto: Alexandre Berzin/Acervo do Museu da Cidade do Recife


Sem açúcar não se compreende o homem do Nordeste, escreveu o sociólogo pernambucano Gilberto Freyre (1900-1987), 77 anos atrás. Pois é seguindo esse fio condutor que o Museu da Cidade do Recife apresenta sua mais nova exposição, Doc(e) Recife, que será aberta ao público às 16h deste sábado (19), no Forte das Cinco Pontas, localizado no bairro de São José, no Centro da cidade.

A mostra ficará em cartaz até o início de março de 2017, contando a moradores e turistas a evolução do Recife à luz da cana-de-açúcar e à sombra da escravidão. Mapas antigos e atuais, textos, projeções, fotos, filmes, sino de igreja, pinhas decorativas, pedras de azulejos, enfim, uma série de objetos estarão organizados em salas do térreo e do primeiro pavimento para resgatar essa história.

Alexandre Berzin/Acervo do Museu da Cidade do Recife
Exposição no Museu da Cidade do Recife conta a história da capital pela cultura do açúcar - Alexandre Berzin/Acervo do Museu da Cidade do Recife
Alexandre Berzin/Acervo do Museu da Cidade do Recife
Flagrantes do açúcar sendo embarcado no Porto do Recife compõem a nova mostra no museu - Alexandre Berzin/Acervo do Museu da Cidade do Recife
Alexandre Berzin/Acervo do Museu da Cidade do Recife
Exposição no Museu da Cidade do Recife conta a história da capital pela cultura do açúcar - Alexandre Berzin/Acervo do Museu da Cidade do Recife
Alexandre Berzin/Acervo do Museu da Cidade do Recife
Flagrantes do açúcar sendo embarcado no Porto do Recife compõem a nova mostra no museu - Alexandre Berzin/Acervo do Museu da Cidade do Recife
Alexandre Berzin/Acervo do Museu da Cidade do Recife
Exposição no Museu da Cidade do Recife conta a história da capital pela cultura do açúcar - Alexandre Berzin/Acervo do Museu da Cidade do Recife
Alexandre Berzin/Acervo do Museu da Cidade do Recife
Flagrantes do açúcar sendo embarcado no Porto do Recife compõem a nova mostra no museu - Alexandre Berzin/Acervo do Museu da Cidade do Recife
Foto: Ashlley Melo/JC Imagem
Cenas da exposição: nome de doces citados no livro Açúcar, de Gilberto Freyre, grafados na escadaria - Foto: Ashlley Melo/JC Imagem
Foto: Ashlley Melo/JC Imagem
Cenas da exposição: painéis com texto e foto sobre a cultura da cana-de-açúcar no Recife - Foto: Ashlley Melo/JC Imagem
Foto: Ashlley Melo/JC Imagem
A exposição Doc(e) Recife fica em cartaz de 19 de março de 2016 ao início de março de 2017, no museu - Foto: Ashlley Melo/JC Imagem
Foto: Ashlley Melo/JC Imagem
A exposição Doc(e) Recife fica em cartaz de 19 de março de 2016 ao início de março de 2017, no museu - Foto: Ashlley Melo/JC Imagem
Foto: Ashlley Melo/JC Imagem
Acervo do Museu da Cidade do Recife, em são José, é exibido ao público na mostra Doc(e) Recife - Foto: Ashlley Melo/JC Imagem

 

“Reunimos documentos do nosso acervo”, diz a diretora do museu e curadora da exposição, Betânia Corrêa de Araújo. Daí a brincadeira com o título da mostra. A letra “e” da palavra Doce aparece em destaque, possibilitando duas leituras: o adjetivo para descrever a cidade e a abreviatura para os documentos que deram origem a essa narrativa.

Preste bem atenção nos 22 degraus da escada que levam ao primeiro andar. Cada um está decorado com o nome de um doce citado por Gilberto Freyre no livro Açúcar (1939). Sequilho, alfenim, suspiro, nego-bom, pé-de-moleque, rapadura, manuê, bolo-de-bacia, arroz-doce e por aí vai. É uma escada com açúcar e com afeto.

A mostra faz um resumo do crescimento e da urbanização da cidade, do século 16 – quando Pernambuco era um grande produtor de açúcar – até o 21.

O mapa mais antigo, de João Teixeira Albernaz, reproduz o Recife de 1616. As plantas mais novas, produzidas pela prefeitura, apresentam a metrópole de hoje, condensando 400 anos de história. Num mapa de 1876 estão assinalados quase todos os engenhos que produziam cana-de-açúcar no século 19. “A maioria deles deu origem a bairros, como Dois Irmãos e Madalena”, observa a curadora.

Na exposição, o museu exibe pela primeira vez uma pintura da Igreja dos Martírios, construída em 1782 por pardos e negros, e demolida em 1975 para a abertura da Avenida Dantas Barreto, no bairro de São José.

A relíquia, com a imagem do Senhor Bom Jesus dos Martírios, chegou ao museu em 1982, no ano de inauguração do espaço cultural, toda dobrada. 

“Pouco sabemos sobre a pintura, que ficava na nave principal. Mas as marcas das dobras na tela são significativas desse episódio. A igreja era tombada e foi destombada para ser derrubada”, destaca Betânia Corrêa.

O Porto, de onde o açúcar seguia viagem para outros países, ganha destaque em texto e foto, com as transformações que provocou na cidade. “A civilização do açúcar está entranhada na atualidade, faz parte do nosso cotidiano, seja nos doces que herdamos de Portugal, seja nessa sociedade desigual, nesse trabalho escravo que, de alguma forma, permanece marcado na sociedade”, declara.

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