Cão é esfaqueado e depois salvo no Recife

Animal foi socorrido por populares e adotado por garota de 18 anos
JC Online
Publicado em 11/05/2016 às 21:00
Animal foi socorrido por populares e adotado por garota de 18 anos Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem


Ele era mais um entre tantos cachorros sem nome e sem lar que vagam pelas ruas da cidade. Perambulava nas imediações da Rua Margarida, no bairro de Areias, Zona Oeste do Recife. Na manhã da última sexta-feira, enquanto dormia em uma calçada, foi atacado por um morador da rua que, bêbado e durante um acesso de fúria, deu-lhe duas facadas. Sangrando muito, o animal foi socorrido pelos vizinhos, que o levaram a um veterinário, onde levou pelo menos 30 pontos. Após denunciar o caso pelas redes sociais, durante o final de semana, defensores dos direitos dos animais conseguiram com que o cão fosse adotado, na noite da última segunda-feira. De um “totó” de rua e quase morto, ele sobreviveu, ganhou um nome e um lar. Agora se chama Vicente e mora no bairro de Guararapes, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife.

O animal não foi adotado por nenhuma família de classe média ou alta, e sim por uma garota de 18 anos que vive sozinha com a filha de seis meses em uma casa de apenas um cômodo. Bruna Leite depende da família e do ex-marido para sobreviver, mas não pensou duas vezes ao ver, em uma rede social, o caso do cão covardemente atacado na rua. Esse caso acontece pouco mais de dois meses depois que um cachorro chamado de Vitório/Pepi, no Recife, reencontrou os donos numa feira de adoção após sete meses separados. À época, a história comoveu muito nas redes sociais.

“Senti uma tristeza enorme quando vi as fotos e fui buscá-lo na hora. Desde muito pequena que eu cuido de gatos que pego na rua. É a primeira vez com um cachorro”, diz Bruna. 

Embora os ferimentos não representem mais perigo, Vicente ainda está debilitado. O pelo é ralo, a aparência é de cansaço e o andar apresenta uma certa dificuldade. “Mesmo assim ele ainda quer explorar a rua, é meio fujão. Mas é um doce de animal”, comenta a dona. Bruna está sem emprego – parou de estudar quando engravidou de Kevelin Sofia – mas não teme as despesas com o novo integrante da família: alguns militantes da causa animal se ofereceram para ajudar com ração e remédios. Na manhã de ontem, Vicente tomou o primeiro banho de sua vida nova (talvez até de toda vida), na calçada de casa, ajudado por vários vizinhos.

Mas a solidariedade veio de antes, ainda no momento em que ele foi atacado. A doméstica Ana Maria Oliveira testemunhou a agressão, gritou para que o homem parasse e chamou a polícia. “Ele tinha batido na mãe e estava bêbado. Resolveu descontar a raiva no pobre animal”, conta.

Pessoas igualmente humildes, como o gráfico Ewerson da Silva e a doméstica Jaciene da Silva, ajudaram a salvar a vida de Vicente. Ewerson pediu R$ 50 emprestados a um primo, para levar o cão ferido a um veterinário, e Jaciene bancou, a duras penas, no cartão de crédito, os R$ 185 que custaram o procedimento de sutura no animal. “R$ 50 pra mim é muito dinheiro. Mas eu jamais iria deixar ele morrer daquele jeito”, diz Ewerson.

O agressor foi algemado e encaminhado à Delegacia de Polícia do Meio Ambiente, onde foi interrogado. A agressão foi registrada na Delegacia do Consumidor, como Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) contra Bartolomeu Assis dos Santos, que deve responder por maus tratos.

TAGS
direitos dos animais defesa animal adoção
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory