Um ninho de tartarugas da espécie Oliva, a menor entre as que desovam no litoral pernambucano, eclodiu, na tarde desta terça-feira (14), na orla de Olinda, na Região Metropolitana do Recife. No total, 94 tartarugas nasceram naquela que foi a primeira desova monitorada da região.
Tartarugas-oliva colocam entre 100 e 150 ovos. Para a bióloga Keitz Moura Albertim, a chuva que castigou a região há duas semanas poderia ter diminuído o número de sobreviventes se tivesse acontecido no período logo após a desova. "Os ovos demoram de 45 a 60 dias para eclodir. Quando a chuva alagou a orla, eles já tinham aproximadamente 40 dias, já estavam mais protegidos", explica. Quando a areia está úmida, fungos e bactérias se proliferam e afetam o desenvolvimento dos animais.
Antes da soltura, uma palestra sobre preservação ambiental foi ministrada pelo ambientalista Adriano Artoni para duas turmas de 1º e 2º anos da Escola Municipal Dona Brites de Albuquerque, localizada nas imediações do local da desova. "É gratificante para os alunos e para a gente. As duas turmas estavam aprendendo sobre preservação, então é uma oportunidade para elas associarem o conhecimento. Além disso, as crianças moravam aqui e nunca tinham visto acontecer", afirma a diretora da escola Ana Celi Bezerra.
Diversos moradores da orla assistiram a caminhada das tartarugas em direção ao mar. Muitos moram há mais de 10 anos nas proximidades, mas nunca presenciaram uma eclosão. É o caso da manauara Cleida Lima, 78, que mora em frente ao local desde 2002 e viu o nascimento das tartarugas pela primeira vez. "Em Manaus, vi tartarugas de água doce nascerem, mas aqui nunca. É muito bacana", comemora a dona de casa.
Para Chico Arruda, diretor de proteção ambiental da Secretaria de Meio Ambiente Urbano e Natural da Prefeitura de Olinda, a conscientização de crianças e adolescentes é a chave para a preservação ambiental. "Temos muito caminho a percorrer. É difícil convencer as pessoas de que precisam cuidar. O caminho mais fácil é através das crianças. Este é um momento único e muito rico para elas, porque podem ficar próximas da realidade, serem protagonistas", argumenta.
O diretor destacou ainda as frentes de ação sistemática da Prefeitura do Recife relacionadas a preservação: proteção dos ecossistemas e a educação ambiental da população.
Segundo o Projeto Tamar, existem 800 mil fêmeas em idade reprodutiva em todo mundo, o que torna a espécie Oliva vulnerável; no Brasil, a tartaruga-oliva já está ameaçada de extinção.