Centro de reabilitação no Sertão estimula desenvolvimento de bebês com microcefalia

Pais de crianças com a anomalia têm serviço gratuito em Arcoverde
Margarida Azevedo
Publicado em 06/07/2016 às 7:40
Pais de crianças com a anomalia têm serviço gratuito em Arcoverde Foto: Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem


Mães e pais sertanejos não precisam percorrer quilômetros até o Recife ou Caruaru (Agreste) para levar seus bebês, nascidos com microcefalia, para as sessões de fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional, fundamentais para promover o desenvolvimento deles. Em Arcoverde, primeira cidade do Sertão pernambucano e distante 253 quilômetros da capital do Estado, o Centro Especializado em Reabilitação Mens Sana oferece atendimento gratuito a essas crianças. Mantida pela Fundação Terra e custeada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a unidade tem capacidade para receber até cem bebês. Atualmente 27 estão em tratamento.

“A partir de um convênio com a Secretaria Estadual de Saúde nos tornamos um centro de referência para atender bebês com microcefalia no Sertão. Tivemos que redimensionar nossa equipe de profissionais, pois já realizávamos sessões com crianças que nasciam com a má-formação antes, mas em quantidade bem menor”, explica a coordenadora do Mens Sana, Liege Nogueira, responsável também por coordenar as demais ações de saúde da Fundação Terra.

O Mens Sana está autorizado a receber bebês que residam em um dos 35 municípios sertanejos que compõem três Gerências Regionais de Saúde (Geres) – de Arcoverde (são 13 cidades), Afogados da Ingazeira (12) e Serra Talhada (10). Segundo o último boletim de microcefalia, divulgado ontem pela Secretaria Estadual de Saúde, Pernambuco já confirmou 367 casos da má-formação congênita de agosto de 2015 até o último dia 2. Desses, 35 crianças moram nessas 35 cidades. Arcoverde e Venturosa são as que têm mais casos, quatro em cada.

Liege ressalta que os bebês necessitam ser encaminhados pelas Secretarias Municipais de Saúde. Cada criança recebe uma senha autorizando o tratamento no Mens Sana. Ao iniciar o processo de reabilitação, ela passa a ter sessões semanais com fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais. Oftalmologistas acompanham o desenvolvimento ocular dos bebês. As famílias têm acompanhamento psicológico.

Um dos diferenciais da unidade de saúde é uma piscina aquecida, construída bem no centro do prédio. É lá que a terapeuta ocupacional Cristine Damaso acolhe as crianças para sessões com meia hora de duração. “Há o estímulo sensorial, tátil, auditivo e visual. Além de acalmar, a atividade na piscina incita o afeto”, enfatiza Cristine. O Mens Sana é o único na região a realizar terapia ocupacional aquática. No Recife, bebês com microcefalia têm atividade na água na Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), que fica na Ilha Joana Bezerra, Centro da cidade.

A equipe de fonoaudiologia auxilia no processo de amamentação dos bebês que nascem com dificuldade de deglutição. Com exercícios e estímulos na boca e na garganta, eles aprendem a mamar sem se engasgar, um problema muito comum nesses pacientes. Os pequenos também fazem o Teste da Orelhinha. Se houver necessidade de prótese auditiva, o Mens Sana viabiliza o equipamento e auxilia no processo de adaptação. Já as complicações motoras são evitadas nas sessões de fisioterapia, que trabalham pés, pernas, mãos e braços.

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