Clima de medo em Sirinhaém, após assaltantes de banco aterrorizarem a cidade

Eles interditaram vias com grampos, colocaram cadeado em destacamento da polícia e fizeram reféns
Margarette Andrea
Publicado em 08/07/2016 às 7:09
Eles interditaram vias com grampos, colocaram cadeado em destacamento da polícia e fizeram reféns Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem


O clima é de medo entre os moradores do pequeno município de Sirinhaém, a 76 quilômetros do Recife, na Zona da Mata. Poucas pessoas se arriscam a falar sobre a madrugada de pânico que viveram, na madrugada desta quinta (7), quando uma quadrilha invadiu a cidade e arrombou os bancos Bradesco e do Brasil, tendo explodido um dos cofres deste último. A investida foi feita por 15 a 20 bandidos, por volta das 3h, utilizando quatro veículos. Tiroteios, explosões, vias interditadas por grampos e pessoas feita de reféns marcaram a ação, que durou cerca de uma hora. A polícia continua a procura do grupo. 

De acordo com o comandante do 10º Batalhão da Polícia Militar, Renato Aragão, o grupo dificultou ao máximo a ação da polícia. O bando interditou a PE-60 com barricadas três quilômetros antes da entrada de Serinhaém (que tem pouco mais de 43 mil habitantes) e três quilômetros depois. Um veículo foi queimado próximo ao distrito de Camela também interditando a via. Grampos foram jogados na rodovia e na cidade, furando os pneus de duas viaturas e de outros oito veículos.

Os bandidos ainda colocaram um cadeado no portão do destacamento da PM e furaram a balas os pneus das viaturas da PM e da guarda municipal que estavam em frente. Pacientes que se preparavam para entrar num ônibus e se tratar no Recife foram feitos reféns. “Eles mandaram as pessoas darem as mãos e interditar a via, próximo ao destacamento e ficaram por lá”, conta o militar. Vários tiros foram dados para o alto, ação repetida próximo à delegacia. “Mas eles não machucaram ninguém, não foi uma ação truculenta. Eles gritavam o tempo todo para moradores e policiais não saírem pois não queriam matar ninguém”.

Com a rodovia interditada, inclusive pelos veículos que tiveram os pneus furados, os policiais tiveram de buscar rotas alternativas e ao chegar não encontraram mais o grupo. “Chamamos todo o apoio que podíamos rapidamente, mas houve muita dificuldade de acesso”, relata o major. “Encontramos dois veículos (um Strada e um Ecosport) usados na ação abandonados próximo a Rio Formoso. Acreditamos que o grupo está nas proximidades e vamos manter as diligências”.

O major informa que o Bradesco teve dois caixas arrombados, a porta quebrada, mas os bandidos não conseguiram levar nada de lá. A agência abriu normalmente. No Banco do Brasil eles quebraram a porta de vidro, arrombaram caixas com pés-de-cabra e explodiram o cofre. Mas o valor roubado não foi informado. “As armas dos vigilantes que estavam próximas ao cofre não foram levadas”, salienta. 

Uma moradora da área, que preferiu não se identificar com medo de represália, contou ter ouvido barulhos do arrombamento e em seguida o alarme do banco. “Liguei para 0 190 mas não pegava, então pedi ajuda aos bombeiros. De repente um guarda atirou contra o banco e era tiro pra todo lado, muito tiro. Eles também gritavam muito. Ouvimos duas explosões e um cheiro de fumaça. Eu e meu marido fomos para debaixo da cama”, relata.

O boato era de que um gari, feito de refém, teria recebido R$ 50 de um dos ladrões. “Falta policiamento aqui. Serinhaém é terra sem lei. A sensação é de pânico e de impotência”, afirma outra moradora. Uma senhora que chegou ao BB chorou ao ver os estilhaços de vidros pelo chão. “Minha cidade não era assim. Hoje eu tenho medo até de dormir”, lamentou. Há informação de que apenas dois PMs estavam de plantão. Imagens já apreendidas em câmeras de segurança podem ajudar na identificação do bando, que usava fuzis e pistolas 380.

A Secretaria de Defesa Social (SDS) informa que de janeiro a maio deste ano houve 44 assaltos a banco consumados (o mesmo número desse período no ano passado) e 26 tentativas (seis a mais que em 2015). O diretor Jurídico do Sindicato dos Bancários, João Rufino, diz que só de explosões foram mais de 40. “Há mais de 15 funcionários afastadds em decorrência desses assaltos e o BB tem pelo menos 12 agências sem funcionar devido a ação de bandidos”, informa.

Em Jurema, no Agreste, também houve uma investida ousada de bandidos. Um grupo invadiu a agência do Banco do Brasil e explodiu caixas eletrônicos,  por volta das 3h. Uma casa lotérica, que fica por trás do banco, também foi atingida pelo impacto da explosão.


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