Um grupo de protetores se reuniu, na tarde desta segunda-feira (11), em frente ao Mercado Público da Encruzilhada, na Zona Norte do Recife, para exigir justiça pelos 10 gatos mortos por envenenamento no local. Com cartazes, ativistas pediram por punição e políticas públicas.
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"Mataram da maneira mais covarde possível. Os gatinhos morreram com hemorragia interna e muita dor, sem chance de serem socorridos", lamentou Milena Saraiva, protetora animal há 10 anos. Moradora do bairro, ela alimenta todos os dias os bichos que vivem nas imediações do mercado e afirma que os comerciantes não gostam da presença dos animais. "Alguns se sentem incomodados. São pessoas desinformadas que não sabem que maus-tratos são proibidos por lei".
Segundo a protetora e ativista, Goretti Queiroz, faltam políticas públicas eficientes. "Quando o poder público não age, as pessoas acabam fazendo isso. É um crime, uma chacina com seres inocentes. Nada disso é culpa deles. Existe uma Secretaria de Defesa Animal na Prefeitura do Recife que deveria estar fazendo o trabalho de esterilização desses animais", defendeu.
Para o comerciante José Leonilson Costa, os gatos não são bem-vindos no local. "A vigilância sanitária proíbe animais nas praças de alimentação. Os clientes aqui almoçam com gatos na volta porque algumas pessoas alimentam os bichos na entrada do mercado e eles acabam entrando. Quer dizer, tem gente saindo prejudicada com essa situação. Praça de alimentação não combina com animal", afirmou.
Enquanto Leonilson culpa os protetores, alguns moradores apontam a quantidade de lixo no local como um dos motivos para que os gatos vivam nas imediações. Gerente do mercado, Adriano Silva, garantiu que a limpeza é feita de maneira adequada pela Prefeitura do Recife. Questionado sobre as políticas adotadas pela prefeitura para o controle populacional de gatos, Adriano confessou que, durante esta gestão, nada foi feito nesse sentido. Segundo ele, cabe à polícia averiguar a situação.
Uma queixa deve ser prestada por Milena na manhã desta terça-feira (12) junto à Delegacia de Polícia do Meio Ambiente (Depoma). Contatada, a Secretaria- Executiva dos Direitos dos Animais (Seda) afirmou que o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) já entrou em contato e está investigando o caso. Sobre castrações, o órgão explicou que não possui um abrigo público, mas que realiza diariamente 50 esterilizações de animais de ONGs. O número de serviços deve aumentar quando o Hospital veterinário abrir, ainda este ano.
ENVENENAMENTO
Por volta das 6h, funcionários do mercado encontraram os corpos espalhados dentro do centro comercial. Entre eles estava Anderson Barbosa. Segundo ele, quatro já estavam mortos e foram recolhidos. Outros animais apresentavam sinais de envenenamento, mas fugiram para o outro lado da rua. "Alguns funcionários tentaram ajudar, mas eles não deixaram e acabaram fugindo", conta.
Outro caso de envenenamento ocorreu há seis meses, segundo o cambista de jogo de bicho Sebastião Matias, 57, que trabalha no mercado há 30 anos. "Há uns seis meses mataram mais 15 gatos aqui. O pessoal faz maldade, chuta, joga água gelada neles", conta. Além dos 5 animais que tem em casa, Sebastião tira dinheiro do próprio bolso para alimentar aqueles que vivem na rua.