A inauguração, um mês atrás, de um galpão de triagem de resíduos recicláveis no bairro do Arruda, Zona Norte do Recife, ainda não mudou o degradante cenário da via onde está instalada a cooperativa. A Avenida Professor José dos Anjos vive repleta de lixo, sobretudo nas proximidades do estádio do Santa Cruz. Sacos, restos de metralha, garrafas pet, carcaças de eletrodomésticos e toda sorte de entulhos são descartados sem o menor constrangimento. E para frustração dos moradores, um projeto de requalificação do canal Arruda-Vasco da Gama e de suas margens, anunciado pela atual gestão em fevereiro de 2013, até hoje não saiu do papel.
“Tudo que não presta o povo joga no canal. Sempre tem lixo, não adianta a prefeitura limpar”, afirma o servente de pedreiro Everaldo Xavier de Oliveira, 49 anos, morador do Arruda há três décadas. “Ficamos tão animados quando disseram que iriam ajeitar o canal, limpá-lo, construir uma praça. Infelizmente nada foi feito até agora”, complementa Everaldo. Ele mostra uma árvore que caiu cerca de quatro meses atrás e ainda não foi retirada. Pertinho dali, três cavalos comem grama tranquilamente alheios ao movimento de carros na rua. Em alguns pontos, carros estacionados nas margens do canal reforçam a ideia que não há qualquer controle urbano.
“Saímos das ruas, agora não levamos sol e chuva. Trabalhamos com equipamentos de proteção e vamos vender diretamente para as empresas, sem passar pelos atravessadores. O ganho será maior”, comemora a presidente da cooperativa, Maria José dos Santos, 45.