Quatro anos e meio depois de interditar a Igreja do Bonfim, no Sítio Histórico de Olinda, por causa de rachaduras na torre de sustentação do sino, a prefeitura anuncia a licitação para escolha da empresa que vai executar a obra de restauração do prédio, no valor de R$ 2,1 milhões. A Secretaria de Patrimônio e Cultura da cidade vai abrir as propostas no dia 6 de outubro de 2016 às 9h30.
“Nesse dia, nós vamos analisar os documentos e anunciar o vencedor da licitação”, informa a secretária-executiva de Patrimônio de Olinda, Cláudia Rodrigues. Os recursos são do PAC Cidades Históricas, do governo federal.
A igreja está fechada desde fevereiro de 2012. Nos últimos quatro anos, o forro da capela-mor desabou, sepultamentos do ossuário foram violados e as rachaduras se acentuaram. Em dezembro passado, a Arquidiocese de Olinda e Recife fez o escoramento provisório do estuque da nave, para evitar o desabamento do forro.
No dia 5 de setembro último, a cruz de ferro e concreto da torre sineira teve de ser retirada, porque estava ameaçando desabar sobre a casa vizinha. “A cruz estava presa por um fio de eletricidade”, destaca Christiani Gondim, uma das ocupantes da casa.
Ela critica a falta de cuidados com o patrimônio e aponta falhas na fiscalização dos monumentos. “Quando um prédio desse começa a dar sinal de deterioração, a resposta dos órgãos que cuidam do patrimônio histórico e dos proprietários deveria ser rápida, para não chegar ao ponto de precisar interditar”, afirma.
Além da Igreja do Bonfim, a Defesa Civil da cidade interditou a Igreja de São Pedro, a Igreja de Nossa Senhora da Graça e o Seminário de Olinda, todos na Cidade Alta, em função de avarias. Proprietária dos imóveis, a arquidiocese afirma que está trabalhando para corrigir os problemas e reabrir as edificações ao público.
De acordo com a gestora de Projetos da instituição religiosa, Telma Liege, o arcebispo, dom Fernando Saburido, está visitando empresários em busca de apoio para a obra emergencial na Igreja da Graça e no Seminário, que funcionam no mesmo imóvel, na Sé, e foram fechados em maio de 2015. A arquidiocese está autorizada a captar R$ 3,792 milhões pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet.
“É uma troca, o dinheiro repassado pelas empresas é deduzido do Imposto de Renda”, reforça Telma Liege. Os interessados podem entrar em contato com a arquidiocese de segunda a sexta-feira, pelo telefone (81) 3271-4270, ramal 238, das 7h às 13h.
Frederico Almeida, engenheiro do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Pernambuco, afirma que a entidade tem fiscalizado as igrejas fechadas de Olinda, para acompanhar a evolução dos danos e orientar ações emergenciais.
Segundo ele, a obra de restauração da Igreja de São Pedro – localizada no Carmo e interditada desde setembro de 2015 – não tem data para começar. “Estamos fechando o orçamento para encaminhar ao PAC”, informa Frederico Almeida. “O trabalho deveria ser feito pela arquidiocese, mas o Iphan assumiu essa complementação do projeto para ajudar a entidade.”