Em primeiro lugar, devolver uma mínima sensação de segurança à população. Para isso, fazer com que as pessoas vejam mais policiais nas ruas. O discurso do novo secretário de Defesa Social, Ângelo Gioia, em sua primeira entrevista como titular da pasta, ontem, deixa claro que a ostensividade será o norte da segurança pública no Estado nos próximos meses.
“Mais importante do que reduzir os índices é dar à população uma sensação de tranquilidade e credibilidade”, disse Gioia, após a primeira reunião do Comitê Gestor do Pacto pela Vida (PPV). Subentende-se que a redução no índice de homicídios – tradicional balizador das estatísticas do Pacto pela Vida – deverá ficar para um segundo momento.
O desafio será otimizar o atual efetivo de 19 mil policiais militares para coibir os crimes contra o patrimônio (roubos, furtos, entre outros), que tiveram um crescimento de 30,1% entre 2014 e 2015.
Ângelo Gioia foi apresentado sem qualquer pompa à imprensa, em um corredor da sede da Secretaria de Planejamento (Seplag), no bairro de Santo Amaro, onde ocorreu a reunião do PPV. O governador Paulo Câmara, que presidiu o encontro, não apareceu para falar com os jornalistas.
O novo titular da SDS terá trabalho para azeitar uma máquina que, desde 2013, não produz resultados satisfatórios. Para isso, já anunciou mudanças. O secretário afirmou que trará outros dois policiais federais para as funções de secretário-executivo e de corregedor: respectivamente, João Luiz Caetano Araújo, que já foi chefe do Departamento de Repressão a Entorpecentes (DRE) da PF, e Carlos Henrique Oliveira de Souza, atual corregedor da Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro.
“O trabalho começou hoje (ontem). Vamos continuar as reuniões com as polícias e traçar um planejamento que nos permita reagir”, disse, descartando, em princípio, quaisquer mudanças nos comandos das corporações.
Ângelo Gioia deixou claro que vai tirar o máximo possível de policiais das chamadas atividades-meio, ou serviços burocráticos em quartéis e gabinetes. “A população precisa ver o policial, e o policial precisa estar comprometido”.
Crítico da atual maioridade penal no Brasil – seu perfil no Facebook (apagado ontem) continha várias postagens sobre o tema –, o delegado não se considera um linha-dura. “A gente pode divergir em algumas coisas dentro do próprio governo, mas o mais importante é que abracei o Pacto pela Vida”, esquivou-se.
Paralelamente, vai ter que brigar contra a curva de homicídios no Estado, que teima em subir desde 2013, após cinco anos de redução entre 2008 e 2012. Vai precisar dedicar atenção a municípios como Cabo da Santo Agostinho e Igarassu, no Grande Recife, e Caruaru, no Agreste, que concentram as três maiores taxas de homicídios por grupo de cem mil habitantes no Estado.