Cemitérios públicos do Grande Recife estão finalizando a costumeira faxina para receber os visitantes nesta quarta-feira (2), no feriado nacional do Dia de Finados. Os serviços de varrição, capinação, remoção de lixo e pintura de meio-fio são realizados com o apoio de detentos que cumprem pena no regime semi-aberto. A atividade faz parte do Programa Social de Reinserção, para comutação de pena.
A expectativa da Prefeitura do Recife é receber 60 mil pessoas nos cinco cemitérios públicos da cidade. Em Olinda, a administração do Cemitério de Nossa Senhora da Conceição (Guadalupe), no Sítio Histórico, espera cerca de quatro mil visitantes no dia dos mortos.
Na manhã de segunda-feira (31), já havia pessoas antecipando as homenagens aos parentes falecidos, como faziam as irmãs Josefa Joana, Joselma Rosa e Maria Joana, no Cemitério de Santo Amaro, o maior da capital pernambucana. “Vem muita gente no dia 2 e os ônibus ficam lotados”, diz Josefa Joana da Conceição.
Ela mora no Curado II, em Jaboatão dos Guararapes, e para chegar ao cemitério onde a mãe está sepultada, na área central do Recife, precisa pegar três ônibus. “Imagine isso no feriado, melhor vir logo hoje (segunda-feira, 31)”, explicou Josefa.
A dona de casa Shirley Bandeira, residente no Cabo de Santo Agostinho, na região metropolitana, também antecipou a visita e aproveitou para acender velas no túmulo da Menina sem Nome, em Santo Amaro. “Morava no Pina (Zona Sul do Recife) quando a menina foi encontrada. Minha mãe sempre contava essa história e todos os anos, no Dia de Finados, ela acendia velas no túmulo da criança. Minha mãe morreu ano passado e agora eu estou fazendo o que ela fazia”, disse.
A cuidadora de idosos Rosimaire Maria Oliveira de Brito, 50 anos, aproveitou a proximidade do feriado para organizar o túmulo do filho, que morreu há nove meses, aos 31 anos de idade. “Só hoje (segunda-feira, 31) criei coragem para voltar ao cemitério. Voltarei amanhã (terça-feira, 1º) e outros dias. Mas não venho no dia 2”, declarou Rosimaire. O rapaz está enterrado no Cemitério de Guadalupe, em Olinda.
Paulo Melo, administrador de Guadalupe, pede aos visitantes para não levarem jarros com água para enfeitar os túmulos. “Estamos combatendo o mosquito da dengue e todo vaso com água será jogado fora. Tragam as flores em jarros com areia”, orientou. Ontem, havia 65 detentos trabalhando na limpeza do cemitério.
Enquanto isso, em Jaboatão dos Guararapes, adolescentes fazem plantão no Cemitério da Saudade para ganhar dinheiro lavando túmulos. “Faço isso há uns quatro anos”, comentou Wesley Silva. Pela manhã ele conseguiu R$ 25 limpando três jazigos.
O operário de fábrica aposentado Jonas José Gomes passou a manhã da segunda-feira (31) pintando dois túmulos no Cemitério da Saudade. “A família pediu. Cobro R$ 80 ou R$ 100”, afirmou.