Forro original da Igreja Conceição dos Militares é restaurado

A peça de madeira, do século 18, é pintada com motivos florais. A Igreja Conceição dos Militares fica no Centro do Recife
Da Editoria Cidades
Publicado em 18/11/2016 às 8:08
A peça de madeira, do século 18, é pintada com motivos florais. A Igreja Conceição dos Militares fica no Centro do Recife Foto: Foto: Divulgação


O primeiro forro da Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares, no Centro do Recife, passou séculos escondido no templo católico. Em 2014, dez anos depois de resgatado, foi exposto na cidade numa exposição sobre arte religiosa. Quinta-feira (17), a peça voltou à sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), restaurada e novinha em folha.

Pintado sobre madeira (amarelo vinhático) na primeira metade do século 18, o forro antigo estava encoberto pelo forro atual, um rococó entalhado. A peça foi descoberta pela empresa Grifo Diagnóstico e Preservação de Bens Culturais, contratada pelo Iphan para fazer uma obra de restauração na igreja, no período 2004-2005.

“Na época, não restauramos o forro primitivo, fizemos a desinfestação, imunização, consolidação e reforço do suporte”, diz a restauradora Pérside Omena, diretora da Grifo Diagnóstico. Desde então, o Iphan tem a guarda da peça. Ao fazer o empréstimo para a mostra Guararapes, sob o imaginário da fé, de abril a maio de 2014, no Instituto Ricardo Brennand, o Iphan solicitou como contrapartida a restauração do forro.

Com a coordenação de Pérside Omena, a equipe de conservação e restauração do Instituto Ricardo Brennand  fez todo o trabalho, devolvendo à pintura as cores perdidas. “O forro é composto de 106 tábuas pintadas com decoração padronizada em motivo floral”, diz ela. São flores vermelhas e amarelas com folhagens verdes.

No centro, há um medalhão com a imagem de Nossa Senhora da Conceição coroada. De 2004 até 2014 o forro ficou guardada em caixas, na igreja, localizada na Rua Nova, no bairro de Santo Antônio. E foi exibido ao público pela primeira vez na exposição promovida pelo Instituto Ricardo Brennand em homenagem aos 360 anos da Restauração Pernambucana, como é conhecido o movimento que resultou na expulsão dos holandeses no Nordeste brasileiro, em 1654, no século 17.

A relíquia da arte sacra pernambucana mede 7,80 metros de comprimento por 7,05 metros de largura. De acordo com Pérside, a autoria não está identificada. O forro cobria a capela-mor da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, construída no século 18 por militares. Agora, caberá ao Iphan definir o destino do forro pintado.

SÃO BENTO

Não é a primeira vez que um museu financia a restauração de uma peça sacra de Pernambuco, em troca de empréstimo para exposição. O Museu de Arte da Filadélfia (EUA) pagou a recuperação do baldaquino com crucifixo do coro da Igreja do Mosteiro de São Bento, em Olinda, nessas condições. 

O baldaquino participou da mostra A Arte Latina Americana do Período de 1492 a 1829 e pôde ser visto no Museu de Arte da Filadélfia, em Los Angeles e no México, de 2006 a 2007, recorda Pérside Omena.

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