Violência muda hábitos no Grande Recife

Medo da população estimula novas táticas para o dia-a-dia nas ruas
JC Online
Publicado em 14/01/2017 às 18:42
Medo da população estimula novas táticas para o dia-a-dia nas ruas Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem


O medo ao sair de casa. A janela do carro sempre fechada. O celular que não é tirado do bolso em público. “Sair à noite? Não, é perigoso”. Confesse: você já se pegou pensando no que fazer para driblar a insegurança. E antes que você mesmo ache se tratar de paranoia, um alerta: os crimes contra a propriedade no Estado estão aumentando gradativamente desde 2014. 

Depois de cinco anos de redução, entre 2007 e 2013 (com um leve aumento de 6% em 2011), os roubos e furtos cresceram 23,9% em 2014. No final de 2015, aumento de 30,2%. Se pegarmos apenas o período entre janeiro e novembro de 2016 (a Secretaria de Defesa Social ainda não consolidou os dados relativos a dezembro do ano passado), o aumento com relação a todo ano de 2015 já é de 22,5%.

NÚMEROS

Sempre frios no papel, os números são traduzidos em histórias de medo e tensão, que acarretam em drásticas mudanças de hábito. Depois de ser assaltado uma vez e presenciar outras duas ocorrências, tudo no intervalo de um ano, o universitário Daniel Oliveira, 21 anos, incorporou o famoso “celular do ladrão”. “É um aparelho mais modesto, só para o caso de eu ser abordado de novo”, diz.

Na véspera do último Natal, a vendedora Flávia Almeida foi abordada por assaltantes disfarçados de pipoqueiros na Avenida Agamenon Magalhães, bairro do Derby, área central do Recife. “Bateram no vidro do meu carro e mostraram a arma. Tive que dar o celular”. Depois disso, Flávia colocou película escura nos vidros do veículo. “Também evito dirigir à noite, e ando sempre na faixa do meio”.

Depois de três assaltos em um ano, sendo dois no trânsito, a universitária Raquel Vidal já tentou até mudar de aparência. “Já prendi o cabelo e coloquei boné para tentar esconder que sou mulher e evitar abordagens quando estou no carro”, diz, para completar com uma frase desolada: “A gente não tem muito o que fazer. É torcer para não ser outra vítima”.

Para o capitão Marcelo Jacinto, da Polícia Militar, alguns procedimentos de segurança, se adotados, podem reduzir as chances de ocorrências desagradáveis (ver arte da matéria). “Os criminosos procuram por oportunidades. Muitas vezes elas são proporcionadas pela distração das vítimas”, diz.

A Secretaria de Defesa Social (SDS) explica que tem como prioridade o aumento da sensação de segurança. “Desde o início de dezembro de 2016 a sociedade tem sofrido com a Operação Padrão da PM, estimulada por associações militares, o que impossibilitou o emprego de 100% do efetivo nas ruas. Algumas medidas administrativas colaboraram para manutenção da ordem nas vias, como o remanejamento da tropa, antes em serviços burocráticos, para o trabalho ostensivo, as operações Polícia nas Ruas, a inauguração de um novo batalhão (o 25º, em Jaboatão) e o cancelamento das férias de dezembro (2006) e janeiro (2017)”.

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