Praça Faria Neves, em Dois Irmãos, precisa de obras de melhorias

A Praça Faria Neves, em Dois Irmãos, bairro da Zona Norte do Recife, foi projetada por Burle Marx em 1958 a convite do então prefeito Pelópidas Silveira (1915-2008). Nos anos 90, descaracterizada, servia como estacionamento para visitantes do Parque Estadual Dois Irmãos, onde funciona o zoológico da cidade. O desenho do paisagista só seria resgatado em 2006, quando a área passou por obra de restauração.

Com o jardim recuperado e tombada como monumento brasileiro pelo Instituto do Patrimônio, Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2015, a Praça Faria Neves vem sofrendo depredações pelo uso indevido. Pôneis e brinquedos de grande porte (pula-pula, entre outros) são levados ao local, em dias de domingo, para a diversão das crianças. Os animais comem a grama e a cana-da-índia dos canteiros.

“É claro que a praça é feita para o povo, mas o congestionamento e esse tipo de uso acabam sendo prejudiciais”, observa a arquiteta Ana Rita Sá Carneiro, coordenadora do Laboratório da Paisagem da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ela orientou a obra de restauração do logradouro. A Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) informa que está atenta e vai resolver o problema.

De acordo com o presidente da Emlurb, Roberto Gusmão, a prefeitura já emitiu três notificações para suspender o parque móvel de diversões e a circulação dos pôneis. O próximo passo é uma fiscalização conjunta com a Secretaria de Controle Urbano (Secon) para impedir a atividade. A Praça Faria Neves é adotada pelo Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (Lafepe), que assume a manutenção e conservação do lugar.

Em visita ao local, o JC constatou bancos de madeira quebrados e precisando de reparos, além de árvores que morreram e não foram substituídas, a exemplo de um é de pitomba e outro de jenipapo. Ficaram apenas as placas de identificação. A palmeira com tronco que se bifurca – curiosidade da praça – está morrendo e precisa de cuidados, avisa Ana Rita.

“Falta fiscalização nos fins de semana, quando o público aumenta, para evitar depredação e sujeira. Burle Marx era uma paisagista famoso e a praça é um patrimônio de Pernambuco, é preciso melhorar a conservação e a manutenção”, declara o funcionário público Ricardo Motta, morador de Dois Irmãos desde 1995 e frequentador da Praça Faria Neves.

PROJETOS

Roberto Gusmão informa que a prefeitura está desenvolvendo projeto de iluminação cênica para a praça de Dois Irmãos, extensivo aos demais jardins tombados de Burle Marx e a outras áreas verdes da cidade. A proposta é destacar os principais aspectos dos logradouros, como a vegetação e os lagos. “Vamos utilizar, para isso, recursos da Contribuição de Iluminação Pública”, afirma.

A Emlurb também vai disponibilizar o histórico das praças para usuários de smartphones. Para ter acesso às informações é preciso fazer a leitura de um QR code, espécie de código de barras para ser escaneado pelo celular. Outra ação é discutir com os adotantes de praças de Burle Marx – ainda faltam padrinhos para o Derby e dois jardins da Praça de Casa Forte – os cuidados que cada um deve ter com um jardim tombado.

“Nenhum outro lugar do Brasil tem um conjunto de jardins de Burle Marx tombados como Patrimônio Cultural Nacional. Esse legado faz do Recife uma cidade diferenciada. A vegetação desses jardins monumentos não pode ser descaracterizada”, destaca Ana Rita. Qualquer intervenção nas praças precisa de autorização.

Interessados em adotar praças de Burle Marx e outras áreas verdes podem entrar em contato com a Emlurb pelo telefone (81) 3355-5540.