A exatamente um mês do Carnaval e com um calendário de prévias cada vez mais intenso, o Sítio Histórico de Olinda, no Grande Recife, mostra que não está preparado para uma festa segura nos dias de Momo. Após as ocorrências de assaltos e arrastões do último fim de semana, o comandante-geral da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE), coronel Carlos D’Albuquerque, admitiu ontem que as 40 câmeras de segurança da área, mantidas pela Secretaria de Defesa Social (SDS), estão desativadas e só devem voltar a funcionar dentro de 10 dias. O órgão negou que todos os equipamentos estejam parados e informou que alguns gravaram a ação do domingo. Entre informações desencontradas, o clima de insegurança impera nas ladeiras.
No último domingo, uma onda de arrastões foi registrada por moradores durante as prévias carnavalescas, que acontecem desde o ano passado. Para quem vive no Sítio Histórico de uma das cidades mais tradicionais do Carnaval pernambucano, a atmosfera não é de folia, mas de medo. “A violência está muito grande. Nesse fim de semana, até tiro teve. Não tenho coragem de brincar nem de trazer minha filha para o Carnaval este ano”, conta a dona de casa Edna Maria da Silva.
Na última segunda-feira (23), cerca de 40 moradores de Olinda reuniram-se com representantes do executivo municipal na sede da Sociedade Olindense de Defesa da Cidade Alta (Sodeca) para debater soluções para os problemas evidenciados no último final de semana. Com o mesmo objetivo, o prefeito Professor Lupércio (SD) encontra-se, hoje, com seus secretários e empresários da cidade, e amanhã com entidades ligadas à segurança pública e à proteção de crianças e adolescentes. Segundo a assessoria de comunicação da prefeitura, as ações elaboradas nestas reuniões serão postas em prática já no próximo final de semana.
Até quem trabalhou a vida inteira na festa, está com receio de sair às ruas da Marim. “São 30 anos carregando bandeira em carnavais e nunca vi tanta violência como neste ano. Ontem (domingo) estava uma bagunça. Tem que ter mais fiscalização, a venda de garrafas de vidro, utilizadas nas brigas, deveria ser proibida”, afirma Nivaldo Nascimento, 68 anos, porta-bandeira de Ceroulas, uma das agremiações mais famosas da festa.
A Prefeitura de Olinda ressalta que o que cabe ao governo municipal é o disciplinamento do trânsito, a fiscalização dos estabelecimentos e do comércio ambulante, além da coordenação do controle urbano. O major Alano Araújo afirmou que, a partir do próximo fim de semana, o efetivo será reforçado para as prévias. “Foram 80 policiais no domingo, mas o público foi muito grande. O policiamento estava presente e foi atuante, mas direcionado para outra realidade”, declarou.
Ainda segundo ele, o serviço de inteligência da Polícia Militar está trabalhando para identificar os locais onde os grupos se encontram, uma vez que as brigas são marcadas através das redes sociais.
Em nota, a SDS informou que, por ação de vândalos, a fibra ótica das câmeras está em manutenção e até a semana carnavalesca os equipamentos estarão em sua capacidade máxima. Na contramão da declaração do comando da PM, o órgão informou que algumas câmeras flagraram a ação do domingo e que as imagens estão sendo analisadas.