Cinco internos da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) de Garanhuns, no Agreste de Pernambuco, fugiram na tarde desta segunda-feira (30).
Segundo informações da assessoria de imprensa da unidade, os reeducandos renderam um agente com uma faca artesanal. Um sexto adolescente também tentou fugir, mas foi impedido por outros guardas da fundação.
A Funase tem capacidade para abrigar 83 socioeducandos, mas agora, após a fuga, possui 122. No local também funcionam o Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) e o Centro de Internação Provisória (Cenip). Buscas estão sendo realizadas nas proximidades, mas os internos não foram encontrados. Não foram registradas mortes e ninguém ficou ferido.
No dia 31 de outubro do ano passado, sete internos foram mortos durante uma rebelião na fundação. Entre eles, seis foram carbonizados e outro foi mutilado com objetos cortantes.
Além dos mortos, o grupo destruiu alojamentos, danificou a rede elétrica e arrancou portas.
Sob a justificativa da crise econômica, o Governo do Estado cortou 40% dos R$ 195,8 milhões do orçamento da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) para o exercício de 2015. A redução de quase metade dos recursos agravou, ao longo do ano passado, os problemas estruturais nas 25 unidades do sistema no Estado. Funcionários denunciam a falta de itens como papel higiênico e material de escritório, além de condições subumanas para a maior parte dos 1,5 mil internos. Ingredientes de um caldeirão que vinha sendo cozinhado e que esborrou no final de outubro deste ano, com duas rebeliões violentas – em Timbaúba, na Zona da Mata, e em Caruaru, no Agreste – que resultaram na morte de 11 reeducandos.
Apenas no último motim, na unidade de Caruaru, no último domingo, foram sete mortos, a maior parte queimados vivos, além de um mutilado. A barbárie motivou a troca de comando no órgão, ainda na noite da segunda-feira: o advogado Roberto Franca, profissional de referência na área de direitos humanos, virou o novo presidente da Funase.
A falta de recursos tem influência direta no dia a dia das unidades. “Não existem coisas simples, como papel higiênico. Os adolescentes dormem amontoados em pedaços de colchões”, relata, em reserva, um funcionário da entidade.