As seis primeiras colocadas entre as escolas de samba do carnaval carioca voltam hoje (4) ao Sambódromo para o tradicional desfile das campeãs, a partir das 22h. A apresentação será regressiva, começando pela Beija-Flor, na sexta colocação, seguida da Acadêmicos do Grande Rio, Mangueira, do Salgueiro e da vice-campeã Mocidade Independente de Padre Miguel.
Depois de um jejum de 33 anos, a grande campeã, a Portela, entra na avenida por voltas das 3h de domingo (5) e trará integrantes da Império Serrano, escola vencedora da Série A. As duas agremiações, do bairro de Madureira, na zona norte do Rio de Janeiro, são rivais históricas.
O Desfile das Campeãs também deve contar com a presença do portelense Paulinho da Viola, esperado na ala da diretoria da escola. Na última segunda-feira, quando a Azul e Branco apresentou seu enredo inspirado na canção dele Foi um Rio que Passou em Minha Vida, Paulinho não estava no Rio e não participou do desfile.
Na outra ponta, no início dos desfiles, a Beija-Flor entra com sua interpretação para o clássico de José de Alencar, Iracema, a Virgem dos Lábios de Mel. O livro é recontado em alegorias e alas que chamam a atenção para a raiz indígena do povo brasileiro.
Logo depois, no Sambódromo, por volta das 23h, a Grande Rio retorna com a homenagem à Ivete Sangalo e com um desfile com vários famosos. A cantora baiana, que também prometeu estar de volta, integra, inclusive, uma elaborada comissão de frente que troca de roupa no desfile.
Campeã do carnaval 2016, a Mangueira é esperada para pouco depois da meia-noite. A escola traz os santos que marcam a fé brasileira, católicos ou de matriz africana. A bateria da escola, toda vestida de São Francisco de Assis, foi um dos destaques do carnaval.
Já o Salgueiro, que ficou no terceiro lugar este ano, retorna com a releitura para um clássico da literatura mundial, a Divina Comédia. Como no livro do espanhol Dante Alighieri, a escola faz um percurso pelo inferno, o purgatório e o céu.
Vice-campeã do carnaval, a Mocidade Independente de Padre Miguel levanta a plateia depois das 2h, com o enredo As Mil e uma Noites de uma Mocidade pra lá de Marrakesh. A escola levantou o público com um Aladin voando em um tapete mágico, na comissão de frente. Ao retratar hábitos e religião, a escola também fala da imigração árabe para o Brasil.
Última escola a desfilar, a Portela volta à avenida com enredo que representa a relação entre os rios e a humanidade. Não faltarão carros esguichando água, animais retratados em tamanho real, como jacarés, e lendas amazônicas, como a da Iara e do boto-cor-de-rosa. A escola também lembra a tragédia do Rio Doce, que, em 2015, recebeu uma avalanche de rejeitos de mineração de uma barragem. Em uma alegoria, pescadores são retratados aos prantos, pedindo justiça.