As discussões sobre envolvimento de jovens em atividades nas redes sociais que podem induzir à automutilação e a comportamentos suicidas ganharam mais atenção dos pais e especialistas desde que a polícia deu início à investigação de mortes e lesões supostamente relacionadas ao que passou a ser chamado de jogo da Baleia Azul. “Isso é uma denúncia social porque existem muitas coisas erradas acontecendo há muito tempo, em relação à disponibilidade de tempo da família dedicado aos filhos. Agora a sociedade dá um grito para mostrar a gravidade da situação, e todo mundo presta atenção. Cuidar da prevenção é o grande ponto”, frisa a psicóloga da infância e adolescência Priscila Bastos. Na tarde desta terça-feira (18), ela falou, durante o Consultório de Graça (quadro da Rádio Jornal), sobre o elo entre adolescência, internet e comportamentos comuns a essa faixa etária.
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“Independentemente de o jogo da Baleia Azul existir ou não, há jovens que estão morrendo por suicídio e também percebemos um aumento de casos de depressão nessa faixa etária. Neste momento, o que importa é a gente prestar atenção no grito desses jovens e cuidar do que eles querem nos dizer”, orienta Priscila, que vê o Baleia Azul como um sintoma social.
“A sociedade grita através de um jogo, e o nosso papel é estar ao lado dessas crianças. Sempre digo que evitar falar (sobre o tema) não é o melhor caminho. Mas precisamos conversar. Se não fizermos isso, os criadores (do jogo) ou outras pessoas vão trazer essas informações para as crianças de um modo distorcido”, acrescenta a psicóloga.
Ela reforça que os pais devem se mostrar mais próximos das atividades que os filhos realizam na internet, sem necessariamente invadir a privacidade deles. “É importante acompanhar o que as crianças e os adolescentes acessam. Alguns têm canais no YouTube e perfis nas redes sociais que servem como um canal para expressar mais coisas do que no jantar em família, por exemplo. Então, por que os vídeos e os demais conteúdos que eles postam na internet não podem ser o assunto da casa?”, questiona Priscila Bastos.
A psicóloga ainda reforça que a família precisa ficar atenta à rede de amizade que crianças e jovens formam. “Se o adolescente não tem amigos ou se estes estão num jogo, isso é um detalhe que chama a atenção. Nessa fase da vida, a sensação de pertencimento a um grupo é muito importante.” O depoimento da especialista reforça a necessidade de os pais perceberem como a atitude deles é valiosa no desenvolvimento da sociabilidade na infância e na adolescência, principalmente quando a rede social tem influência no vínculo de amizades.