Além das comidas típicas, do forró e do colorido das roupas, as festas de São João podem trazer alguns perigos, principalmente para as crianças. O manuseio errado de fogos de artifício e fogueiras podem causar ferimentos graves. Por isso, dicas de como utilizar esses materiais são importantes para garantir a segurança.
De acordo com o chefe da Unidade de Tratamento de Queimados do Hospital da Restauração, Marcos Barreto, acidentes com adultos e crianças têm causas um pouco distantes. No caso dos mais velhos, a principal motivação vem do uso de bebidas alcoólicas durante o manuseio na explosão de fogos de artifício e na hora de acender uma fogueira.
“É preciso ter noção do teor de explosivos que está sendo manuseado. O uso errado pode causar a perda de dedos da mão”, explica. No caso das crianças, o risco está, principalmente, na negligência dos pais, que permitem que os filhos utilizem fogos de artifício de grande efeito explosivo. “O adulto precisa estar próximo da criança. Para eles, os explosivos devem ter efeito deletério menor. Mesmo assim, é preciso estar atento: traque de massa, por exemplo, pode lesionar os olhos”, alerta.
Em relação às fogueiras, o cuidado permanece. O médico explica que elas não devem ter mais de um metro de altura, para evitar que a brasa se disperse e nem podem ser acesas no período chuvoso, quando a madeira está molhada. Também não se pode jogar combustível direto nas brasas. “O acendimento deve ser feito da seguinte maneira: coloca-se uma latinha com estopa e combustível (álcool, óleo ou gasolina) dentro e posiciona a latinha no centro da fogueira. Ela não deve ser alimentada em hipótese nenhuma, o consumo do combustível vai ser lento. Não se pode acender pela lateral, porque termina a fogueira desmoronando”, detalha. Ele chama a atenção de que o adulto que for acender a fogueira não ingira bebida alcoólica e não tenha ninguém no entorno.
Para apagar a fogueira, também é preciso atenção. É recomendável ser feito à noite, deve-se pegar uma lata de água e jogar por cima da fogueira. “Pela manhã, as crianças acordam e pisam. A queimadura nos pés pode ser de até terceiro grau”, pontua.
“Nunca se deve colocar manteiga, pasta de dente, clara de ovos sobre o ferimento. Deve-se colocar o segmento atingindo em água corrente por mais ou menos 25 minutos, envolver com pano limpo e seguir para o hospital, onde vai receber o atendimento adequado”, disse o médico. “No caso de perda de algum membro, como dedo ou falange, não se deve colocar na água, mas enrolar num pano limpo, faz compressão e eleva o membro acima da cabeça”, explica.
O médico também alerta acidentes também podem acontecer na cozinha, quando muitas pessoas se reúnem nas refeições juninas. “Uma pessoa pode bater no cabo de uma panela no fogo e derrubar. As queimaduras em adultos, nesses casos, acontecem geralmente da cintura para baixo. Nas crianças, é na cabeça”, explica.
No São João do ano passado, houve 63 casos de acidentes com fogos e fogueiras atendidos no Hospital da Restauração, sendo 23 adultos e 40 crianças. Desses, 21 pacientes no total ficaram internados: 10 adultos e 11 crianças. “Apesar de mais crianças terem ficado internadas, se comparado com o total de acidentados, os adultos estão em maior número. Isso acontece porque os acidentes com o público mais velho tendem a ser mais graves”, observa o médico Marcos Barreto.
A Secretaria de Saúde do Estado informa que os acidentes com fogos e fogueira podem ser atendidos policlínicas, upas, postos de saúde e nos 11 hospitais regionais espalhados por Pernambuco: Goiana, Limoeiro, Palmares, Caruaru, Arcoverde, Garanhuns, Afogados da Ingazeira, Serra Talhada, Salgueiro e Ouricuri, inclusive o hospital infantil Dom Malan, em Petrolina. Além de do Hospital da Restauração, localizado no bairro do Derby, área central do Recife, referência em atendimento nesse tipo de acidente.